terça-feira, 1 de abril de 2008
Preconceito
A maior cidade do Distrito Federal em população vêm se desenvolvendo ao longo da história, com aumento de emprego, infra-estrutura e qualidade de vida. Porém, o restante do Distrito Federal não vê o lugar com bons olhos. O preconceito contra o morador de Ceilândia ainda é grande fora das divisas da cidade, e os moradores sofrem com o problema. "Muita gente do Plano Piloto não conhece Ceilândia e julga mal quem é daqui, trata como se fôssemos uma periferia que atrapalha e assusta o DF", afirma Francisco Almeida, morador da Ceilândia.
Quem é de fora confirma as palavras do morador. "Eu não conheço a cidade pessoalmente, mas tenho medo do lugar pelo que vejo nos jornais. Notícias sobre crimes, problemas sociais, e tudo mais. Acho que mesmo sem querer acabo tratando quem é de lá pelo que conheço de ruim da cidade", reflete Carolina Borges, que mora no Lago Norte. Esse tipo de preconceito limita tanto socialmente como economicamente o reconhecimento da cidade, como alguns moradores denunciam. "Acaba sendo uma diferença para contratação de funcionários, por exemplo. Quem mora em Ceilândia enfrenta problemas para conseguir emprego em lugares mais 'sofisticados' como Plano Piloto, ou Lago", informa Edson Lima, comerciante no centro de Ceilândia.
Para mudar essa imagem negativa da cidade, algumas obras do governo têm um peso determinante, de acordo com a Administração. "As comemorações de aniversário da cidade, como a Corrida do Coração, também são uma maneira de divulgar o lado bom daqui, tanto para o resto do DF como para quem vive aqui", explica Davi Braz, chefe de gabinete da Administração Regional. O preconceito por parte dos que moram na cidade também é destacado entre a população. "As próprias pessoas de Ceilândia tem vergonha de dizer que são daqui, e isso passa uma impressão muito ruim para quem olha de fora. Precisamos incentivar o orgulho aqui dentro para depois nos focarmos lá fora", comenta Patrícia Teles, comerciante que sempre morou em Ceilândia.
"Ceilândia carrega desde a sua fundação, em 1970, o preconceito do restante do Distrito Federal", é o que afirma Manoel Jevan, fundador do Museu da Memória Viva de Ceilândia. "A sigla do departamento criado pelo regime militar na capital já revela esse fato. O CEI, Centro de Erradicação de Invasões, foi o encarregado de resolver o problema das invasões, deslocando todo o contingente de candangos para fora do Plano Piloto. Então esses candangos se espalharam em 'invasões' da época, considerados pejorativamente desde então, como um problema social", explica Jevan.
Segundo o historiador, esse preconceito foi demonstrado na época "quando os moradores foram removidos como lixo" por meio da divisão de classes. "O Plano Piloto foi projetado para receber funcionários oficiais que serviriam a Brasília, não para operários. Não contavam com trabalhadores humildes reivindicando um espaço", comenta.
Para Jevan, a imagem negativa da cidade vem decrescendo e sendo transferida aos poucos para o entorno. "Hoje Ceilândia já é aceita e parcialmente reconhecida como parte da estrutura de crescimento do DF. O peso maior do preconceito agora é destinado ao entorno. O entorno virou a grande ameaça ao Distrito Federal, apesar de Ceilândia ainda ser mal vista também" Finaliza.
Fonte: Tribuna do Brasil
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