A Universidade de Brasília (UnB) vive um momento que marcará a história da instituição: denúncias de má administração, ocupação da reitoria, renúncia de reitor... Em março, a universidade havia anunciado um projeto ambicioso de expansão – a criação de dois novos campus, um em Ceilândia e outro no Gama; e a ampliação do número de vagas oferecidas.
Na época, as propostas dos novos campus estavam em fase final de definição. Com o terremoto que aconteceu na reitoria, os editais para a construção dos novos campus acabaram não saindo. Atualmente, milhares de estudantes do ensino médio vivem a incerteza de que os planos não sairão do papel. A resposta do reitor pro tempore, Roberto Aguiar, é que sairão.
Márcia Abrahão, que assumiu o Decanato de Graduação no lugar de Murilo Camargo, colocou a expansão como prioridade. Para Roberto Aguiar, as propostas apresentadas pela UnB ao Ministério de Educação não foram discutidas suficientemente com a comunidade universitária. A reitoria ainda não sabe quanto tempo levará para compreender o projeto de expansão e, por isto, não pode afirmar se haverá seleção de alunos para os campus de Ceilândia e Gama ainda neste semestre – como estava previsto antes.
Apesar de os dirigentes da UnB afirmarem que, em tese, existe a possibilidade de que haja vestibular para o próximo semestre nesses campus, os alunos estão desperançosos. Os estudantes do Centro de Ensino Médio 04 na Guariroba, o Centrão, deram suas opiniões:
- “É chato porque a gente fez planos e começou a se preparar para algo que não vai acontecer neste ano”, analisa Ludmila Santos, 16.
- “Quebraram nossas expectativas... É melhor esperarmos mais para ter o campus do que ele ser criado com coisas erradas”, argumenta Rômulo Costa, 16.
- “As propostas são boas. Não precisa mudar tudo.” Ressalta Matheus Lima, 17.
- “O campus aqui facilitaria muito a vida dos alunos, especialmente por causa da distância.” Reflete William Mendes, 16.
Em meio a tantas transições, a universidade ainda precisa enfrentar outra dificuldade. Há 10 dias, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a suspensão de um contrato entre a Fundação Universidade de Brasília (FUB) e a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec).
Como a universidade recebeu a verba há três dias do fim do ano, não havia tempo hábil para contratar empresas e realizar as obras. Segundo o ex-decano de graduação da UnB, Murilo Camargo, os R$ 30 milhões seriam investidos no campus do Plano Piloto.
O TCU propôs a suspensão do contrato por causa da dispensa indevida de licitação durante o repasse dos recursos entre a FUB e a Finatec e aproveitará para realizar uma auditoria nacional a fim de verificar a atuação das fundações de apoio. A suspensão será mantida até que as irregularidades sejam corrigidas pela UnB. O Ministério de Educação também deverá ajudar a universidade.
Fonte: Correio Braziliense de 28/04/08
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