Quem passa pela pracinha, localizada em frente da Escola Classe 10, na QMN2, Ceilândia Norte, pode notar a presença de mendigos, bem conhecidos pela vizinhança, comerciantes e até pela escola. Quem freqüenta o local ou mesmo mora próximo alega ser incomodado pelos moradores de rua. A principal reclamação vem da escola, que recebe a insatisfação de funcionários, diretora e pais de alunos.
Na margem esquerda da praça, pode-se ver objetos deixados pelos mendigos, como sofá velho, cadeiras e cobertas. As funcionárias da portaria da E.C. 10 se queixam da presença dos moradores. "Quase direto acontece de os mendigos dormirem aqui na porta. Alguns pais até acham ruim, porque tem muita bagunça na frente da escola", revela Lina Pires, funcionária da escola há dezoito anos. Ela conta que, antes do atual portão construído, os mendigos dormiam no espaço entre o portão e a escola. "Eles querem usar o banheiro da escola, pedir dinheiro e vales-transporte", afirma. Teresinha Araújo também confirma que se recusa a deixá-los entrar. "Hoje fui comprar cartão e eles estavam umas nove horas da manhã com uma garrafa de cachaça. Acho ruim por causa das crianças. Tinham que tira-los daqui", reclama.
Até crianças que costumam brincar na quadra da pracinha constatam a presença constante dos mendigos que, segundo elas, atrapalham até adultos a praticarem esportes. Segundo elas, fezes são encontradas no local e, para espantar os atletas, os mendigos jogam até pedras. "Minha mãe faz panela de caldo, arroz, bolinhos de bacalhau, leva papel-higiênico para eles e pede pra eles pararem de mexer com a gente, mas não adianta", conta Adriana*, que diz que alguns já até morreram por se envolverem em brigas de rua.
A diretora da Escola Classe 10, Edmilda Santos, relata que vem observando a presença deles, principalmente nos fins de semana e diz também contar com a presença da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Detran. "Deveriam fiscalizar para saber se eles têm casa fixa ou algum lugar pra onde ir. Os mendigos são modelos negativos e incomodam", enfatiza.
A Tribuna do Brasil esteve na praça e apenas constatou a presença de pertences supostamente de propriedade dos mendigos. No local, não havia nenhum deles durante a apuração. Nossa reportagem também contatou a Diretoria Regional de Ensino de Ceilândia, que ainda não havia tomado conhecimento da situação. A diretora regional, Ana de Fátima, explica que é preciso alertar o Centro de Referência Especializado de Assistência (CREAS) para que façam uma visita à praça. O órgão também prometeu verificar a situação. "Teria de resgatar essas pessoas. Muitos são alcoólatras. Se forem alcoólatras, são doentes e têm que ser tratados", comenta ela. A Administração de Ceilândia também prometeu emitir comunicado a Secretaria de Ação Social.
Além de servidores da escola, comerciantes e moradores têm diferentes visões sobre os mendigos. Clegenaldo Souza, proprietário de uma loja de cartões para celular, comenta que já houve suspeita de roubos em lojas próximas à praça. "Eles usam a parede da loja como banheiro. O mau cheiro incomoda". Já Tiago dos Santos, estudante e morador de Ceilândia Centro, rebate as reclamações: "São as pessoas que fazem mal a eles. Eles não têm nem onde morar e as pessoas vêm quebrando as coisas", defendeu.
Fonte: Tribuna do Brasil
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