Investigações

Desde o dia em que assumiu o comando-geral da Polícia Militar, em 13 de março último, uma das principais atribuições do coronel Antônio Cerqueira, a pedido do governador José Roberto Arruda, é investigar, da forma mais rápida possível, todos os casos de crimes supostamente cometidos por policiais militares. Dos seis Inquéritos Policiais Militares (IPMs) instaurados, no entanto, apenas um foi resolvido, assim mesmo parcialmente. O prazo para a conclusão dos IPMs terminou ontem. Um novo prazo, não-divulgado pela corporação, foi estipulado para cada uma das investigações.

O único processo que teve andamento se refere ao choque entre populares e policiais, durante o Carnaval deste ano. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi inocentado pela Corregedoria da PM. No entanto, a conduta de três policiais responsáveis pela segurança na entrequadra 203/204 Sul continua sendo investigada.

Na Corregedoria da corporação, o coronel Cerqueira encontrou quase duas mil sindicâncias paradas, além de outros 58 processos disciplinares de policiais já condenados pela Justiça para serem analisados. Até o fim do mês de setembro, todos os processos devem estar em dia, conforme informou o comando da PM.

Ontem à tarde, o comandante-geral recebeu um relatório sobre o trâmite de cada um dos seis processos que, por determinação dele, deveriam ser resolvidos em caráter de urgência. Por meio de sua Assessoria de Imprensa, o coronel Cerqueira disse que iria analisar os relatórios e que ainda não comentaria sobre as investigações.

O primeiro incidente grave que resultou na exoneração do ex-comandante da PM, coronel Antônio José Serra Freixo ocorreu em pleno Carnaval. No dia 4 de fevereiro, as imagens de um cinegrafista amador mostraram quando a polícia quis liberar a comercial da entrequadra 203/204 Sul. Eram 19h30 e o Galinho já havia saído. Mais de duas mil pessoas continuaram na quadra quando o tenente responsável pelo policiamento pediu reforço. Com a chegada do Bope, o confronto começou. Spray de pimenta, bombas com gás de efeito moral e balas de borracha forma usados para dispersar a multidão.

Exatamente 20 dias depois, outro caso de repercussão envolvendo policiais militares abalou o comando da corporação. Desta vez, a confusão acabou em morte. Soldados do 8º Batalhão de Polícia Militar (Ceilândia) espancaram o comerciante e motorista Gilmar Vareto Damásio, 48 anos, no Quiosque Millennium, localizado na QNN 23/25, em Ceilândia Norte. A situação dos militares se agravou quando a vítima morreu dias depois do fato. A agressão teria sido motivada porque Gilmar não quis diminuir o volume da música em seu quiosque.

Homicídio
Outro caso de homicídio envolvendo um PM voltou a ocorrer logo no mês seguinte. No dia 3 de março, o soldado Horizomar Souza Silva foi apontado como o suposto autor do tiro que matou o servidor público Sinval Nunes da Silva, 47 anos. O crime ocorreu na QNP 28, conjunto D, Ceilândia, durante uma troca de tiros do policial com um menor, que estaria armado.

Três dias depois, outro homicídio com a suposta participação de um policial contribuiu para a queda do ex-comandante-geral. O soldado Leonardo Kleiton da Silva, 31 anos, e o vigilante Robson Clementino da Silva foram acusados de espancar, até a morte, o motorista da Viação Pioneira Gilmário Siqueira, 35 anos. O crime foi em frente a um posto de combustível, localizado na QNO 15, Setor O, em Ceilândia. Em 8 de março, mais dois casos de crimes envolvendo policiais foram registrados.

Fonte: Jornal de Brasília, Rede Globo e DF no Ar (Rede Record) de 16/04/08