Ainda no período de resguardo e impossibilitadas de repousar em cama, 15 mães de filhos prematuros internados na Unidade Neonatal do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) vivem dias de desespero. Elas contam que sofrem com a falta de estrutura e reclamam do atendimento prestado por alguns funcionários do local. Por morar longe do hospital, algumas mães precisam dormir no local, em cadeiras de praia adaptadas com colchonetes, em um quarto superlotado. Além disso, as acompanhantes relatam falta de cuidado com a comida oferecida e afirmam sofrer represálias por terem denunciado a situação de descaso. A reportagem do Jornal de Brasília foi impedida de entrar no local.
Gleide, uma das mães, explica que há um mês, por volta de duas da manhã, teve uma séria crise de gastrite e não foi atendida por ser menor de idade e estar no hospital apenas como acompanhante do filho. "Os médicos disseram que não tinham mais responsabilidade comigo e que minha mãe precisava vir para me levar ao pronto-socorro", relata. Segundo a adolescente, depois de sofrer com fortes dores, as companheiras de quarto a levaram à emergência numa cadeira de rodas cedida pela enfermagem do hospital.
Ainda de acordo com relatos das pacientes, as mães não tiveram nem mesmo o direito de descançar após o parto. Dois dias depois de ter dado à luz a uma criança de seis meses com problemas respiratórios, a dona de casa Geniane Canuto Barbosa, 22 anos, teve de voltar para casa por falta de vaga para as acompanhantes - o quarto possui nove cadeiras de praia e durante o dia, o uso é revezado entre as 15 mães.
Ela não pôde cumprir as recomendações médicas para o período de resguardo e, mesmo com dores abdominais, em função da cirurgia cesariana recente, todos os dias precisa pegar dois ônibus para ir de Ceilândia Norte, onde mora, até o hospital para amamentar a filha. "A situação está horrível. Passo o dia aqui e não tenho onde descançar", reclamou.
Segundo Maria, uma das mães, que reclama da alimentação oferecida, os alimentos são mal preparados e, em alguns casos , servidos estragados. Algumas mães reclamaram também da quantidade de comida oferecida pelo hospital e dizem, até, que exite diferenciação na alimentação. Mesmo assim, a nutricionista chefe substituta, Adriana Queiroz Lisboa, alega que a alimentação é a mesma oferecida por toda a rede da Secretaria de Saúde e que as mães podem ter passado mal devido a refeições feitas fora do hospital.
As mães também dizem que começaram a sofrer represálias de funcionários do hospital depois que a imprensa tomou conhecimento da situação em que elas se encontram no HRC.
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Fonte: Jornal de Brasília de 03/08/08
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