quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Mapeadas

No Córrego Veredão, em Águas Claras, a erosão começa pequena no local onde o esgoto estourou. Aumenta a cada período de chuva e se transforma num grande abismo.

Uma outra tem quase um quilômetro de extensão, 70 metros de profundidade em alguns pontos. Fica na Vila Madureira, em Ceilândia. O perigo está cada vez mais perto da porta da cozinha de Domingos, onde o terreno em descida é caminho da enxurrada.

“A água que desce não tem outro caminho. Se não fossem os bambus, acho que já estaria na porta da minha casa”, contra o auxiliar de serviços gerais Domingos da Silva.

Das 38 erosões mapeadas em todo o Distrito Federal, a da Vila Madureira é uma das piores. Já virou um grande depósito de lixo, com todo tipo de entulho, e ameaça as casas da vizinhança.

“Nós estamos acompanhando a evolução dessa grande voçoroca desde agosto do ano passado e verificando as casas em situação de vulnerabilidade”, revela o major da Defesa Civil, Toni Monteiro.

Diante do risco de desabamento, 43 famílias já tiveram que deixar suas casas. A maioria em Ceilândia. Vinte e duas saíram da Chácara Pantanal e outras sete do Pôr-do-Sol. As Secretarias de Habitação e a de Desenvolvimento Social ajudam na remoção, que muitas vezes é complicada.

O carroceiro Manoel Borges mora numa área de risco, há poucos metros da erosão, na Vila Madureira. Pagou R$ 8 mil pelo terreno e diz que não pode sair. Por isso, está plantando árvores nas margens.

“Nós vamos plantar mais eucaliptos para segurar o chão. As raízes seguram mais. Não cai, não. Nunca caiu”, afirma Manoel.

O problema se repete em várias cidades do Entorno. No bairro Ipanema, em Valparaíso, a erosão também ameaça as construções. Uma casa vizinha já tem rachaduras na parede. “Eu queria que eles tomassem uma providência, antes que ocorra destruição. A não ser que eles estejam esperando isso acontecer para tomar providências”, diz a dona-de-casa Maria Dominga de Souza.

Em vez de uma solução definitiva, os postes foram trocados de lugar. Uma moradora de Valparaíso por pouco não foi jogada na erosão pela enxurrada. “Teve uma senhora que caiu no buraco e só sobreviveu porque carregava um celular. Assim, consegui ligar para a família. Mas ficou muito ferida”, lembra o auxiliar administrativo Lizinaldo Rodrigues Souza.

De acordo com a Defesa Civil, das 38 erosões, três estão solucionadas. Em outras 20 o problema já foi parcialmente solucionado e 12 áreas estão sendo monitoradas por outras secretarias do governo.


Fonte: Rede Globo

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