quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Pânico na avenida JK
Uma a uma, as vítimas do seqüestro de Ceilândia acordavam do pesadelo e seguiam para a segurança de hospitais e viaturas. Em estado de choque, elas tentavam contar a policiais e familiares o que se passara dentro da farmácia. Por mais de cinco horas, a caixa Regina Chaves, 26 anos, ficou detida dentro da loja — ela permaneceu boa parte do tempo sob a mira da arma do seqüestrador. A mulher foi a última refém a deixar o local, logo após a morte do criminoso.
Ela chegou para trabalhar às 7h, como fazia havia 15 meses, desde que começou no emprego na Drogaria Santa Marta, localizada na QNM 18. Deixou o filho de 4 anos em casa, no Setor de Chácaras do P Norte, por volta das 6h30, e seguiu para mais um dia de serviço. Eram 8h40 quando o marido da vítima, o office- boy Clerisson Silva, 36 anos, ouviu de um colega que havia algo de errado no ponto comercial. Ele tentou falar com a mulher pelo celular diversas vezes, todas em vão.
Pouco tempo depois, ela conseguiu autorização do bandido para usar o telefone e falou com o marido por cerca de 20 segundos. “Liguei tanto que logo em seguida ela me retornou. Ela disse para eu abraçar nosso filho e lhe dizer que ela o amava e para que todos nós rezássemos. De repente, o bandido tirou o telefone dela”, comentou. O filho do casal passou o dia na casa do avô paterno e não sabia do seqüestro.
Clerisson acompanhou toda a ação da polícia no local do crime, mas só reencontrou Regina no hospital. Depois de conversar com a mulher, o office-boy contou à imprensa detalhes do drama vivido pela companheira. “Ela sofreu uma pressão muito grande, disse que pensou que nunca mais iria me ver, perguntou como estava o filho. Deu graças a Deus por estar viva para ver o filho”, revelou. Regina teve o pescoço ferido porque passou horas presa pelo braço do criminoso, em um movimento conhecido por gravata. Em choque, ela seguiu para o Hospital Regional de Ceilândia (HRC), onde recebeu soro e calmantes até o fim da tarde. Segundo familiares de Regina, ela nunca havia sofrido um assalto nem passado por situação tão perigosa quanto a de ontem.
O bandido teria pedido à vendedora que ligasse para a avó, a irmã e a namorada dele, mas estava muito nervoso e não se lembrava dos números completos. “A intenção dele era sair com os dois (reféns) no carro, o rapaz ao volante e ele e a Regina no banco traseiro. Ele disse que se fosse para se entregar, preferia matar os dois e se suicidar”, afirmou Clerisson. Regina deixou o HRC às 17h30 na companhia do marido, um irmão e conhecidos. Caminhando com a ajuda dos parentes, ela estava visivelmente abalada. Só conseguiu dizer que estava nervosa e queria ver o filho.
No início do assalto, o gerente da drogaria e seis funcionários foram feitos de reféns. Por volta das 8h, os empregados começaram a ser liberados. O primeiro a deixar o estabelecimento foi o balconista José Ivaldo Valadares da Silva, 39 anos. O seqüestrador ordenou que ele levantasse uma das portas da loja para começar o diálogo com os negociadores. Enquanto ele subia a porta, um policial o puxou para fora. “Acho que ele esqueceu de mim”, disse.
Surpresa
O gerente da loja, Silas Almeida da Silva, 22 anos, abriu a porta da farmácia às 7h25 e reparou que Roger já estava do lado de fora. O bandido exigiu carteiras, o dinheiro do caixa, celulares e a tela do computador. “Começou essa negociação toda e ele foi liberando a gente aos poucos. Fui liberado porque ele precisava de um motorista e não sabia dirigir. Quando saí para pegar o carro, os policiais não deixaram eu voltar mais. Agora é superar o trauma e ficar mais atento. A gente nunca sabe o que pode acontecer. Graças a Deus, deu tudo certo”, lembrou o rapaz.
A atendente Desiré Cristina Aleixo Nunes, 23, saiu após o início da negociação. Ela ficou muito nervosa, passou mal e foi levada ao HRC, recebeu atendimento médico e seguiu para casa. O subgerente Nielson Rodrigo Rêgo Marques, 23, é o dono do Celta prata que seria usado na fuga do bandido. Ele chegou para trabalhar depois que os colegas já estavam sob a ameaça de Roger. “Eu fui o último a chegar na loja. A porta estava a meio palmo do chão. Eu levantei e, quando entrei, o rapaz disse: ‘Pode entrar também que é um assalto aqui’. Os outros já estavam rendidos e ele tentava retirar o monitor do computador”, lembrou.
O office-boy Alex Lopes Lisboa, 18, foi obrigado a ficar com o seqüestrador até o fim, assim como Regina. Ele seria o responsável por dirigir o carro na fuga e chegou a manobrar o veículo em frente à loja. Os funcionários liberados durante a ação assistiram ao desenrolar do seqüestro dentro de uma viatura do Bope e comemoraram no fim da operação.
Assista aos vídeos:
CorreioWeb/Tv Brasília aqui e aqui
Rede Record aqui e aqui
ClicaTv aqui e aqui
O crime não é muito comum no Distrito Federal, ainda mais quando o bandido mantém reféns e não quer se entregar. Fato este que poderia ser praticado em qualquer outra cidade do Distrito Federal. Segundo a comunidade, mais policiais são necessários; já a própria polícia diz que o número que atende a cidade de Ceilândia já é bem satisfatório.
Fonte: Correio Braziliense (aqui e aqui), Rede Record, Jornal de Brasília, Rede Globo (aqui, aqui e aqui), Tribuna do Brasil, Blog Correio Braziliense, Jornal Coletivo, Jornal Local e Band Cidade de 20/08/08
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