domingo, 17 de agosto de 2008

Primeira vitória

Faz cinco meses que Sônia Damásio perdeu o marido. O cobrador de ônibus Gilmar Damásio tinha 48 anos e nas horas vagas trabalhava num quiosque em Ceilândia. Na madrugada de 23 de fevereiro, o cabo Pedro Amorim Guimarães, que mora perto do quiosque, se irritou com o volume do som do bar e chamou a Polícia Militar. Ele e mais quatro policiais espancaram Gilmar, que entrou em coma.

O cobrador morreu dez dias depois, deixando dois filhos. Desde então, Sônia passou a brigar na Justiça por uma indenização e uma pensão para as crianças.

Numa decisão unânime, os desembargadores da 4ª Turma Cível determinaram o pagamento de uma pensão mensal de R$ 650 para a família de Gilmar, que corresponde ao salário que ele recebia como cobrador. A família tinha pedido R$ 1.333, que inclui o faturamento do quiosque. O aumento da pensão ainda pode ser conseguido no julgamento do mérito.

“Eu quero mais, dinheiro esse que vai servir para melhorar a situação da vida dos meus filhos. Quero dar um bom estudo para as crianças. Então, eu vou lutar”, afirma a escrevente de cartório Sônia Damásio.

Para o advogado do Sindicato dos Rodoviários, que moveu a ação, o GDF também deve uma indenização para a família por ser responsável pela morte de Gilmar Damásio.

“A própria conduta dos militares, a arbitrariedade que eles praticaram com o Gilmar, sem dúvida nenhuma autoriza a majoração dessa indenização até fora dos modos que a Jurisprudência vem decidindo, que é de R$ 200 a R$ 100 mil. Então, acredito que seja viável a condenação do Distrito Federal no valor de R$ 500 mil”, enfatiza o advogado do Sindicato dos Rodoviários, Fernando Oliveira Samuel.

Esta é apenas uma parte da história. Sônia também quer Justiça. Os cinco PMs estão afastados das ruas, mas o inquérito policial militar ainda não foi concluído. “Eles estão afastados, mas continuam recebendo o salário numa boa. Se deixar melhor que antes, que estavam na rua correndo risco de vida. Eu quero eles presos”, destaca Sônia.

O corregedor da Polícia Militar, Francisco Maia, disse que a decisão da Turma Cível não influencia a investigação da Corregedoria da PM. De acordo com ele, não há previsão para conclusão do inquérito porque o encarregado pela investigação pediu mais tempo.


Fonte: Rede Globo

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