sábado, 23 de agosto de 2008

O pai e sua revolta

Em meio ao alívio dos funcionários da drogaria, o choro de um pai que acabou de perder o filho parace ter passado despercebido. "muitos aplaudiram a morte de meu filho, mas ele é um ser humano também e merecia uma oportunidade", desabafou o pedreiro Roberto Jesus Pinto, 44 anos, em entrevista ao Jornal de Brasília. Ele é pai de Roger do Arte.
"Eu sei que meu filho não teria coragem de atirar em ninguém. Era um crianção e estava alterado por causa do remédio (Rophynol) que tomou, mas ainda assim não atiraria", afirma Roberto, que foi localizado em Ceilândia pelo JBr.
Roberto garante que irá cobrar explicações da PM pelo fato de nenhum parente ter tido a oportunidade de negociar com Roger. "Meu filho e minha sobrinha estavam lá, mas não deixaram nem eles chegar perto para convencer o Roger a largar a arma", disse, em tom de revolta. "Um policial do Bope debochou dizendo que não sabia se tinha que chamar o rabecão ou o SLU, para levar o corpo de meu filho. Não é porque somos pobres e miseráveis que merecemos ser tratados desta forma", reclamou.
Ainda assim, Roberto diz que entende o desespero dos reféns. "Para muitos, ele é bandido. Se fosse um parente meu, ficaria desesperado da mesma forma". Ao ver pela televisão a notícia sobre o assalto, o pai admitiu não ter reconhecido Roger. "Como filho, ele era exemplar. Todos os dias, trabalhava comigo em uma obra e ganhava R$ 240 por semana. Não tinha motivo para assaltar", disse.
Na manhã do sequestro, Roger teria, entretanto, pedido à mãe, Sirley do Arte, 42 anos, uma vez que era dia do seu pagamento. "Não sei o que aconteceu, mas ele saiu de casa e disse: 'Adeus e até 2020, até nunca mais'", conta o pais, como se o filho tivesse feito uma despedida.
Roger estudou até a 5ª série do Ensino Fundamental e morava em Águas Lindas (GO). Tinha três irmãos, sendo uma mulher de 21 anos e dois rapazes de 16 e 25 anos. Até o fechamento desta edição, nenhum representante da PM foi localizado para comentar as declarações de Roberto.


Fonte: Jornal de Brasília de 22/08/08

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