Maria de Lourdes Abadia era administradora de Ceilândia, mas morava em Taguatinga. Um dia, durante um debate, um demagogo qualquer resolveu questioná-la pelo fato de passar o dia aqui e à noite ir dormir em outra cidade. Ela o calou com uma resposta exemplar: “Ceilândia precisa de gente que venha aqui para trabalhar, não para dormir”.
Este fato me veio à memória diante dos crescentes rumores de substituição do atual administrador regional, Adauri Gomes. Alguns o criticam até por morar no Sudoeste. Trata-se de uma birra tola, já que os administradores que moravam na cidade, ou eram mais próximos a ela, podem ser divididos em duas categorias: a dos inexpressivos e a dos desastrosos (estão aí os puxadinhos, as invasões de áreas públicas, os alvarás suspeitos, a proliferação de botecos e os favelões Pôr do Sol e Sol Nascente, que não me deixam mentir).
O verdadeiro motivo da troca, no entanto, seria a baixa popularidade de Adauri Gomes, que se transfere automaticamente para a figura de Arruda. Ora, quando o governador escolheu Adauri deixou claro que o fazia porque precisava de alguém de pulso firme para colocar ordem na casa. Ninguém cumpre uma tarefa dessas sem gerar descontentamento, sobretudo na parcela da população viciada no clientelismo.
Não conheço o atual administrador nem tenho procuração para defendê-lo, mas em minha última visita à cidade constatei que houve avanços. Só que para a casa ficar arrumada ainda falta muito. É hora de investir em obras que humanizem a cidade. Algumas exigem a devolução de espaços públicos que foram invadidos por particulares. E somente alguém desvinculado de esquemas políticos viciados teria condições de resistir às pressões contrárias e fazer o que precisa ser feito.
Se Arruda se manteve no rumo certo quando os índices de popularidade de seu governo eram muito menos favoráveis, por que capitular agora, quando os acertos de sua gestão estão prestes a dar frutos?
Ainda falta muito tempo até as próximas eleições no DF. Não vale a pena, neste momento, baixar a guarda e abrir espaço para retrocessos.
Fonte: Ceilândia.com
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