sábado, 5 de julho de 2008

Acidentes pela metade

A adoção da política de tolerância zero à ingestão de álcool por parte de motoristas começa a mostrar seus primeiros resultados no Distrito Federal. Dez dias após a nova lei entrar em vigor, o número de acidentes com mortes nas vias locais caiu pela metade, em comparação com os 10 dias anteriores à norma. Entre 20 e 29 de junho, o Departamento de Trânsito (Detran) registrou seis acidentes fatais. De 10 a 19 do mesmo mês foram 12.

Para os representantes do Detran, a redução no total de acidentes se deve às ações empreendidas para o cumprimento da lei seca e à campanha Paz no Trânsito, lançada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em 5 de junho. “Agora, vamos esticar ainda mais a fiscalização”, anunciou o diretor-geral do órgão, Jair Tedeschi.

Ele explica que a partir deste fim de semana todo condutor com índice de alcoolemia acima de 0,3mg de álcool por litro de ar expelido durante o teste de bafômetro ou que se recusar a fazer o exame será detido e levado para a delegacia de polícia mais próxima. Antes, segundo Tedeschi, os agentes só prendiam aqueles que, além de estarem com o teor alcoólico acima dos 0,3mg, se envolvessem em algum acidente ou desacatassem as autoridades de trânsito durante uma blitz. Nesses casos, os agentes ligavam para o delegado da área, que decidia se recebia ou não o condutor autuado. Os motoristas liberados eram intimados para prestar depoimento posteriormente. “Agora, agiremos com rigor máximo”, garantiu o diretor-geral do Detran. A direção da Polícia Civil confirmou que a ordem é prender todos os condutores flagrados com altos índices de alcoolemia.




Ao analisar os primeiros resultados da lei seca, porém, o Detran constatou que o número de mortes nas pistas continuou praticamente o mesmo entre os 10 dias anteriores à adoção da nova lei e os 10 dias posteriores. Foram 11 vidas perdidas na segunda dezena de dias analisada (de 20 a 29 de junho) e 12 na primeira (de 10 a 19). Na avaliação do Detran, as tragédias não tiveram queda maior por causa da brutalidade do acidente que tirou a vida de três irmãos de uma mesma família em 22 de junho, na BR-020 — o motorista tinha bebido oito latas de cerveja.

Dos 12 acidentes com mortes ocorridos até 19 de junho, cinco aconteceram em vias urbanas, fiscalizadas pelo Detran; cinco em estradas do DF, que têm jurisdição da Companhia de Polícia Rodoviária (CPRV); e dois em estradas federais, sob responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal. Nos 10 dias seguintes, apenas uma ocorrência fatal foi registrada em área urbana e duas em estradas sob jurisdição local. Mais três aconteceram em rodovias federais.

Os policiais rodoviários federais estão em greve desde 30 de maio. De lá para cá, apenas 30% dos agentes permanecem trabalhando e duas operações de fiscalização foram realizadas nas nove BRs que cortam o Distrito Federal. O presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do DF, inspetor José Nivaldino Rodrigues, afirma que os acidentes não podem ser totalmente atribuídos à paralisação da categoria. “A greve pode até ter contribuído, mas a responsabilidade se dá num contexto mais amplo. Tem que se levar em conta também que os períodos analisados são posteriores ao início do nosso movimento”, afirmou Rodrigues.


Fonte: Correio Braziliense

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