sexta-feira, 18 de julho de 2008

Projeto pode ser interrompido



Acordar bem cedo e ir cuidar das plantas já é uma rotina quase que diária do aposentado Mário Ferreira dos Santos, de 70 anos. Em sua horta, que fica no terreno da 8ª Companhia Regional de Incêndio do Corpo de Bombeiro de Ceilândia, há quase de tudo: milho, feijão, verduras, frutas e legumes. Porém, nos últimos dois meses o trabalho do aposentado foi dificultado. A água que abastecia o sistema de irrigação da horta foi cortada. Hoje, para molhar as plantas, só com baldes e regadores. "Já perdi, todo o feijão por falta de água. E o milho não desenvolveu, não tem como molhar o milho com regador", reclama.

A horta comunitária faz parte do Programa Bombeiro Amigo para a Terceira Idade e atende aproximadamente 200 idosos, moradores de Ceilândia. No programa, além da Horta Terapia, eles participam de atividades lúdicas, ginásticas, alfabetização, aprendem a produzir artesanato com jornais usados, recebem dicas de primeiros-socorros e participam de palestras sobre temas ligados à saúde. Como seu Mário, cerca de 20 idosos que participam do programa estão sem água nas suas plantações. A horta foi criada há cerca de quatro anos como uma forma de terapia para os idosos que participam do projeto.

O corte no fornecimento foi uma determinação da própria companhia do Corpo de Bombeiro de Ceilândia, após receber uma notificação de uso indevido da água. Segundo informou a assessória da Caesb, a água que abastecia a horta era retirada de um hidrante que pertence a Companhia. A água do hidrante deveria ser usada apenas no abastecimento dos caminhões do Corpo de Bombeiro e em casos de emergência. Porém, depois que a Caesb realizou uma vistoria dentro da corporação, detectou que a água estava sendo usada, tanto para regar a horta como para lavar os carros. A corporação foi notificada e determinou o corte no fornecimento da água para o programa. A assessoria da Caesb informou que, na próxima semana, o hidrante que fica dentro da unidade será removido e colocado do lado de fora, na tentativa de evitar mais problemas.

Segundo a voluntária do programa, Rosimar Paz de Souza, o corte do fornecimento da água para horta foi uma surpresa, pois não foram avisados. Até mesmo o governador, José Roberto Arruda, em uma visita a corporação no mês passado, recebeu a reclamação da falta de água da horta comunitária. Segundo Rosimar, o governador prometeu resolver a situação, mas até hoje nada foi feito.

O Corpo de Bombeiros informou que não falta água para regar as plantas, pois todos os dias os caminhões do bombeiro abastecem as caixas de água que ficam no chão. Mas as pessoas reclamam que a horta que ficava o ano inteiro verde está morrendo aos poucos. Só uma senhora já chegou a colher duas sacas de feijão do canteiro que fica dentro da corporação.

A dona-de-casa Júlia Barreto dos Santos, disse que a horta ajudava, e muito, no sustento da sua casa. Além de abastecer a geladeira com batata, alface, cheiro verde e cenoura, ela doava para os vizinhos e até mesmo para instituições carentes. "A horta ajudava, pois não precisava comprar verduras e era uma terapia para todos. Todos nós estamos revoltados sem água para irrigação. Agora está mais difícil cuidar. Eu amava essa horta.", declarou.


Fonte: Tribuna do Brasil

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