Sou ceilandense desde 1978. Embora eu esteja temporariamente distante, meu domicílio é em Ceilândia e visito com bastante freqüência a cidade onde cresci. Passei nela estas duas últimas semanas (voltei hoje - 30/07/08 - para Buenos Aires).
Não acho melhor que a pessoa que juntou todas as economias que tinha e comprou ilegalmente um lote perca o que investiu e vá invadir terras para ganhar outro lote do governo. Acho que ela deve apenas perder o que investiu. E se invadir terras para forçar o governo a lhe dar moradia, deve ser posta novamente para correr.
Quem compra lote ilegal é tão desonesto quanto quem vende. É o mesmo que comprar mercadoria roubada.
Minha família (mãe e cinco filhos) viveu durante mais de 15 anos pagando aluguel. Embora inscritos, nunca recebemos moradia do governo (conheço várias famílias menores que a minha e com menos tempo de inscrição que foram contempladas). Mesmo nos momentos mais difíceis, nunca passou pela nossa cabeça resolver nosso problema de moradia invadindo terra pública ou comprando lote sem escritura. Hoje temos moradia, comprada legalmente, com o fruto do nosso trabalho.
Em uma cidade como a nossa, um beco que vire praça, com um parque infantil, por exemplo, não serve somente a uma família, serve a muitas. E não me venham com essa história de que havia pessoas usando os becos para se drogar, cometer crimes etc. etc. Ceilândia não é uma cidade de criminosos nem de drogados. Se havia alguém fazendo isso, que fosse punido de acordo com a lei.
Por razões profissionais, tenho viajado por outros países. Mesmo naqueles mais pobres que o Brasil vi cidades bonitas, limpas, organizadas, seguras, acolhedoras e civilizadas. E nenhuma delas se tornou tudo isso com demagogia barata. A pobreza não pode ser usada como desculpa para a esculhambação e o desrespeito às leis.
Um dia, quando a ignorância e a falta de instrução não forem tão grandes entre nosso povo, as pessoas entenderão que populismo não leva a lugar algum.
Vejo com esperança que o atual governador está tentando sepultar a demagogia que imperou por tanto tempo do DF. Espero que ele não esmoreça, embora, no caso dos becos, já existam sinais nesse sentido.
Fonte: Ceilândia.com
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