terça-feira, 22 de julho de 2008

Opinião: O futebol "candango"

O DF é dividido em 29 regiões administrativas. Se fosse um estado como os outros 26 do Brasil, essas regiões administrativas poderiam ser consideradas as cidades. Para o futebol, no entanto, algumas dessas regiões não são suficientes para sustentar um clube de futebol profissional, seja por terem uma população pequena ou por serem apenas regiões administrativas, como o caso do SIA.

Portanto, as "cidades" do DF com capacidade econômica ou população suficientes para sustentar um clube de futebol profissional seriam as seguintes: Brasília (incluindo Lago Sul, Lago Norte e Sudoeste), Gama, Taguatinga, Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, Paranoá, Núcleo Bandeirante, Ceilândia, Guará, Cruzeiro, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Recanto das Emas e Riacho Fundo. Levando-se em consideração que Brasília, Taguatinga e Ceilândia têm população acima de 200 mil habitantes e poderiam ter dois clubes, e considerando Luziânia, Unaí e Formosa como parte da geografia futebolística do DF, chegamos a uma realidade em que 22 seria o número máximo de clubes que o "mercado" do DF comportaria. Como comparação, neste ano, o futebol candango terá 24 clubes em atividade - oito na primeira, oito na Segundona e oito na Terceirona. A Terceirona tem sua rodada final no próximo final de semana e a Segundona começa no dia 3 de agosto, no outro final de semana.

O número de clubes numa competição não pode ser determinado por critérios de população, geografia ou número de regiões administrativas. Por uma questão de bom senso, o número de clubes numa competição deve ser decidido sempre levando em consideração o calendário e a quantidade de datas disponíveis, considerando também a forma de disputa da competição. Parto do princípio de que uma competição justa e equilibrada é aquela em que os clubes se enfrentam em turno e returno, jogos de ida e volta. Pode ser pontos corridos, pode ser mata-mata, mas desde que se enfrentem na casa de um e na casa de outro. Parto também do princípio de que uma competição para ser atraente precisa ser compatível com o calendário e que suas datas não entrem em conflito com as datas de outras competições, além de respeitar as férias e pré-temporada dos atletas.

Por isso, considero correta a determinação de 8 clubes na 1ª divisão do futebol candango, o que acontece desde 2007. Se a CBF mantiver as 23 datas destinadas para os estaduais nos próximos anos, o Candangão poderia voltar, em caráter definitivo, a ter 10 clubes na 1ª divisão. Mas não mais que 10 clubes. Por esse mesmo raciocínio, fica claro que não há necessidade de ter apenas 8 clubes na Segundona, já que há datas suficientes para organizar essa competição com mais clubes. Fica, portanto, sem sentido manter a Terceirona. E se o objetivo de criar a Terceirona foi mesmo de valorizar a Segundona, por que não criar uma "quarentena" para os últimos colocados da Segundona? É menos oneroso para esses clubes ficarem parados, sem atividades, por um ano do que disputarem uma competição deficitária.


Lindberg Júnior

Fonte: Tribuna do Brasil

Nenhum comentário: