terça-feira, 29 de julho de 2008

Becos poderão ser licitados



Depois de causar polêmica entre moradores da cidade, becos de Ceilândia voltam a gerar discussão. Dessa vez, a polêmica é entre as famílias que compraram os lotes destinados aos policiais militares. Elas correm o risco de perder suas moradias. Os lotes foram doados pelo Governo do Distrito Federal há cerca de 10 anos para atender um projeto social de habitação dos policias militares e bombeiros do DF. Contudo, muitos foram vendidos para terceiros.

Neste mês, 26 desses terrenos, sendo 24 em Ceilândia e dois em Samambaia, foram colocados à venda pela a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap). A notícia gerou desconforto entre as pessoas que compraram os lotes, levando-os a formar uma comissão para impedir que os terrenos sejam licitados.

Segundo informou o presidente da Associação dos Inquilinos de Ceilândia, Ipaminona Rodrigues da Silva, as pessoas que compraram os lotes dos PMs investiram no negócio porque não tinham uma moradia e, na época, os policiais venderam os imóveis por um preço abaixo do valor de mercado. Os atuais proprietários esperam que o governo chegue a um acordo que beneficie à todos.

Segundo Ipaminona, num levantamento feito pela associação, aproximadamente 250 famílias, somente em Ceilândia, podem ficar sem suas casas. Mas, de acordo com ele, esse número pode aumentar significativamente, pois nem todos que estão nessa situação sabem da venda. Outra reclamação dos moradores é que eles não foram avisados previamente da vendas das unidades pela Terracap. "Entendemos que não pode simplesmente vender sem nos avisar. A decisão tem que agradar a todos. No último caso é vender apara quem já está ocupando, sem que as pessoas tenham prejuízos", explica Ipaminona.

Por outro lado, a Terracap ainda não tem um levantamento de quantos terrenos foram repassados para terceiros. Mas a cidade de Ceilândia pode ter um número maior de pessoas nessa situação, pois foi lá que o programa de habitação destinou o maior número de becos para moradia de Militares.

Na época em que os lotes foram doados uma das condições foi que eles não poderiam ser revendidos e nem doados para terceiros. Caso contrário, a terra voltaria automaticamente para a Terracap.




Num encontro realizado ontem entre a Terracap e representantes dos ocupantes dos becos em Ceilândia, o órgão decidiu retirar os lotes do edital de licitação, que estava previsto para acontecer no próximo dia 31 deste mês. Mas, segundo a assessoria do órgão, ainda não existe uma decisão sobre o destino dos terrenos, e em quais condições serão vendidas. A Terracap informou que apenas os lotes vendidos para terceiros serão retomados pela Companhia.



Memória

Na época da transformação dos becos em lotes residenciais, os moradores da cidade ficaram divididos. Em Ceilândia, muitos Policiais Militares e Bombeiros chegaram a invadir os terrenos vazios para garantir seu imóvel. Hoje, quase 10 anos depois, boa parte casas construídas estão nas mãos de terceiros.




Pelo visto, nada acontecerá com os militares que venderam os lotes...

Fonte: Tribuna do Brasil

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