domingo, 22 de março de 2009

Opinião: O que esperar?

Valemo-nos das várias definições hermenêuticas, que as palavras aparição e parir nos revelam para definir Ceilândia. Quando nos referimos à aparição deparamos como aparecimento, presença rápida e breve, de pessoas ou coisas. Quando nos referimos aos sentidos humanos é definição de visão de um ser fantástico ou sobrenatural. E quando adentramos no cosmo se encontra a definição para origem de um astro no momento que ele começa a se fazer visível ao observador, origem, princípio. Já parir nos remete à ação de parir, ou seja, dar à luz, nascer, conceber no entender do homem.

Ceilândia é fruto destes dois momentos. Aparece da necessidade do governo local em erradicar as invasões que proliferavam ao lado da cidade livre, hoje, Núcleo Bandeirante, no início dos anos 70. Nasce, inicialmente, para abrigar os candangos que construíram Brasília e que viviam em condições precárias naquela região. É concebida a partir da C.E.I - Campanha de Erradicação de Invasões, processo que gerou e fez dar origem a LÂNDIA, cidade que hoje carinhosamente chamanos de CEILÂNDIA.

Agora, em 27 de março de 2009, Ceilândia completará 38 anos de existência. Desde o princípio, a população ceilandense mantém um sentimento de coletividade, ação que torna cognitivamente protagonista e cúmplice da história de desenvolvimento econômico, social e político da cidade. Entende-se que a mobilização e a participação diária da comunidade, dos empresários, dos formadores de opinião, das estruturas de poder e da imprensa são os elementos que mantèm aceso este ideal coletivo de bem-estar social que cada cidadão deseja.

Pesados investimentos em autoestima (espetáculos culturais de massa como São João do Cerrado e Carnaval, valorização da cultura nordestina, com a transformação da Casa do Cantador em memorial da cultura nordestina no Centro-Oeste) são combustíveis que alimentarão este movimento. Intervenção social, com a implantação de creches públicas nos diversos bairros da cidade e melhoria das condições físicas dos atuais equipamentos públicos fará eclodir um novo cidadão desejado, preparado para a construção dos valores humanos, ou seja, um homem com formação para a vida. Intervenção urbana com a construção de ciclovias que venham interligar os diversos setores da cidade, construção de calçadões de cooper intra-setores habitacionais e mudanças dos gabaritos das residências que ficam às margens do metrô (morar perto do meio de transporte) se transformará em elos de geração de uma cultura de sustentabilidade.

Construção de uma nova sede para a Administração Regional de Ceilândia com a consequente destinação do atual prédio para implementação do museu da história do homem e da mulher ceilandense são ações que preservarão o viés da cultura empreendedora dos pioneiros que construíram a cidade. Intervenção na malha viária da cidade - término da construção do anel viário e cosntrução de um shopping center são elementos de integração social, são pontos de interligação e convergência da mistura social ceilandense. Há que se parir uma nova consciência! Para tanto, é momento de implantar 10 (dez) pulmões verdes, ou seja, o plantio de árvores de forma adensada nos bairros da cidade, bosque de convivência da população. Choque de ordem pública com a regularização dos condomínios habitacionais, das ocupações urbanas (puxadinhos e áreas públicas), dos quiosques e trailers na cidade é permitir a cada cidadão a visão de um choque de legalidade. Choque estético e de beleza, plantio de grama nos espaços vazios, para evitar a sua ocupação por lixo e entulhos. Cobrir e transformar as quadras esportivas em pequenos ginásios poliesportivos, fomenta o desporto, socializa, combate ao ócio improdutivo que gera a violência.

Fazer aparecer, parir tudo isso requer a anônima ação do cidadão ceilandense, que deve cobrar ação prática do Governo do Distrito Federal (GDF) e dos seus representantes no legislativo local. Gerar uma cidade sustentável é agir localmente e atuar globalmente. A reflexão está posta. Não há o que se esperar! Chegou a hora. Ceilândia 38 nos - nós podemos!


Clemilton Saraiva


Fonte: Jornal de Brasília 21/03/09

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