terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Bocas de lobo entupidas

Toda vez que chove forte, os comerciantes da região central de Ceilândia ficam a ponto de enlouquecer. O motivo são as bocas de lobo entupidas. Todo o sistema de coleta de águas fluviais passa a maior parte do ano recebendo lixo. Quando chega a época das chuvas, tudo que foi jogado nos bueiros impede a passagem da água, causando grandes transtornos à população.

O mau cheiro e o aparecimento de insetos e ratos são alguns dos problemas oriundos da falta de cuidados com as bocas de lobo. Douglas Meira é comerciante na região há 13 anos, e segundo ele o problema nunca foi resolvido. "Todo ano é a mesma coisa. Para que meus clientes tenham acesso ao meu comércio tenho que ligar várias vezes na administração, para que eles venham desentupir as bocas de lobo", relatou.

Além do comércio, os clientes da feira também reclamam do abandono da região. "Não é possível que ninguém veja isso. Compro nessa feira há mais de 15 anos e nunca tive coragem de vim aqui em um dia chuvoso. A água falta levar agente, pois não tem para onde correr", disse Maria de Fátima, 36 anos.

Mas não é só no centro de Ceilândia que a má conservação das bocas de lobo vem causando problemas. Nas últimas chuvas, a família de Maristela Bezerra da Silva, 33 anos, tomou um grande susto quando viu sua casa ser invadida pela água. A boca de lobo, localizada em frente sua residência na QNM 03 - Ceilândia Sul, foi obstruída pelos lixos jogados nas ruas. "Tivemos mais de 30 cm de água podre dentro de casa. Perdemos o sofá, a cama e outros eletrodomésticos que estavam abaixo do nível da água. Foi horrível", desabafou.




O administrador de Ceilândia Leonardo Morais disse que o problema é grave porque a população não colabora. "Todos sabemos que as bocas de lobo só entopem porque as pessoas não jogam o lixo no lixo. Não adianta agente fazer a limpeza hoje e amanhã voltar tudo como era antes. É preciso que as pessoas se conscientizem", relatou.
Sobre o acompanhamento das bocas de lobo, Morais disse que só ocorre quando há chuvas. "Não temos pessoal nem verbas para todo mês colocar na rua uma equipe especialmente para limpar bocas de lobo. Quando existe problema nós vamos ao local e resolvemos. O custo para isso é alto demais, gastamos R$ 180 mil com as últimas limpezas", explicou.

Segundo o administrador, o problema é crônico e só vai ser sanado a longo prazo. "A situação se faz presente desde a criação da cidade, que cresceu de forma desordenada e sem planejamento”.



“Essa questão das águas fluviais é apenas um dos prejuízos que só pode ser reparado com um tempo, porque é necessário muito dinheiro", disse o secretário.

Hoje, para colocar em ordem todas as galerias de águas fluviais da Ceilândia são necessários, segundo a administração da cidade, R$ 300 milhões, além de uma grande quantidade de tempo para a realização das obras. Ainda de acordo com o administrador da cidade, canos de água potável e cabos de fibra óptica usados pelas empresas de telefonia são alguns dos fatores que impedem o avanço rápido de uma obra deste porte. "Mesmo se agente tivesse o dinheiro para arrumar o sistema de água fluvial da cidade, é quase impossível realizar o trabalho de forma rápida”, acredita.


Fonte: Tribuna do Brasil

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