quarta-feira, 4 de junho de 2008

As três irmãs e o Buritinga

Numa rápida passagem pela região onde moram as três irmãs, já se nota que há um ambiente de prosperidade. Você deve está se perguntando. Quem são essas três irmãs a quem me refiro? Calma! Estou falando de Taguatinga, mais conhecida como “Taguá”, a outra se chama Ceilândia, carinhosamente chamada de “Ceí”, a seguinte é Samambaia, a “Samamba”, assim chamada pelo seu povo.

Numa rápida visita, chego a casa delas, me apresento e me convidam para entrar, oferecem um cafezinho e a conversa vai se desenrolando de forma descompromissada, meio tímida, por sinal, porque não desconfiada. No meio da prosa elas me falam de um tal Buritinga, indago – “é um pretendente?” Meio recatadas, dizem não. “Seu moço! Estamos falando de um rapaz garboso, impaciente, com muitos planos, realizador, com visão de futuro e que veio para alterar a vida da gente.” O tempo tinha passado! Já era tarde, agradeci a acolhida, o cafezinho, falei que gostei muito da primeira conversa, disse que voltaria e fui embora.

Fiquei intrigado com aquela prosa e fui pesquisar melhor quem era esse Buritinga, primeiro identifiquei que ele tinha esse nome devido ao costume da região, vem da junção de Buriti mais Taguatinga. Aprofundei a investigação para conhecer melhor e descobri que buriti na língua indígena significa “a árvore da vida”. Para os índios é considerada sagrada por dela se fazer tudo o que é necessário para a sobrevivência, a casa, os objetos e a alimentação. Já Taguatinga, também, de origem indígena significa “barro-branco”, apesar de o povo traduzir por “ave-branca”.

Passaram-se os dias e me deu vontade de voltar a visitar e conhecer mais a vida das três irmãs e fui. “Ô! De casa! Posso entrar?” E fui acolhido da mesma forma com que fui recebido na primeira visita. Comecei a conversa, perguntando o porquê de elas acreditarem tanto nesse Buritinga e por que eu deveria acreditar no que me relatavam, sobre ele. Quais eram os seus feitos? Debulharam uma série de justificativas, falaram de cada uma como se fosse um rosário de contas, um ritual quase que “sagrado” e afirmaram: esse homem tem nos feito ver e crer que o atual ciclo de desenvolvimento na região veio para ficar. “Ele, seu moço! Está fazendo uma ‘revolução’. É mudança para todos os lados: um conjunto de quatro viadutos na EPTG; metrô até Ceilândia; corredor de ônibus na via Hélio Prates (JK); Brasília Integrada; novo centro administrativo do GDF (entre Ceilândia, Taguatinga e Samambaia); regularização dos condomínios Vicente Pires, Sol Nascente e Pôr-do-Sol; via de ligação Ceilândia-Samambaia; Centro de Atividades Multicultural (antigo Ceilambódromo); urbanização das áreas de desenvolvimento econômico (ADEs) de Ceilândia e Taguatinga e iluminação da BR-070; revitalização do centro de Ceilândia e do Pistão Norte, dentre outras.”

Taguatinga, a irmã mais velha, destacou: “Como o senhor pode notar, ele trabalha muito. Agora como ninguém é de ferro! Ele é festeiro, só aqui na região ele já fez duas festas que levantou a auto-estima da nossa irmã Ceilândia... Moço!

Como dizem lá em Minas, esse Buritinga é ‘tinhoso’. Às vezes é incompreendido, mas logo o povo percebe que tem boas intenções e começam a apoiá-lo.”

Em seguida, interrompe a conversa a irmã mais nova, Samambaia. “Olha moço, agora mesmo, o Buritinga está fazendo uma reforma completa na casa da nossa irmã Taguatinga. Não sei se o senhor sabe, mas ela vai fazer 50 anos no próximo dia 05 de junho. Ah, moço, Taguatinga é uma menina que ao nascer teve que lutar muito para sobreviver. O seu nome foi mudado por diversas vezes, inicialmente foi chamada vila Sarah Kubitschek, depois Santa Cruz de Taguatinga e, por fim, firmou-se como Taguatinga.”

Ceilândia, a irmã do meio, que ouviu todas aquelas histórias calada, levantou-se, e, com uma cara boa, cara de mulher com auto-estima alta, começou a falar. “Seu moço! Como o senhor ouviu, as nossas histórias de vida se confundem. Taguatinga é lutadora, Samambaia é a nossa fênix do Cerrado, nasceu das cinzas. Eu sou uma vencedora e empreendedora. Moço! Eu passei muita dificuldade, sofri preconceito e ainda sofro. Olha! Somos filhas de uma senhora que teve muitos filhos e filhas, nossa mãe se chamava Cidade Livre, seu moço! Como o senhor pode ver, somos fruto da liberdade e não poderia ser diferente, sempre fomos muito solidárias com quem nos procura. Esse moço, o Buritinga, carrega no seu sangue a árvore da vida, nasceu ave, é branca, é junção de liberdade e paz, combustível da prosperidade de um povo que mistura luta, força e garra para vencer.”


Clemilton Saraiva dos Santos

Fonte: Jornal de Brasília de 03/06/08 e ACIC-DF

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