A comercialização e a prática dos jogos de internet Counter Strike e Everquest foram proibidas há um ano em todo território nacional. Mas, os donos de Lan House de Ceilândia dizem desconhecer a lei e têm os jogos instalados à disposição dos adolescentes que freqüentam as casas de jogos virtuais da cidade. A proibição dos jogos foi tomada em junho de 2007 pelo juiz da 17ª Vara da Justiça Federal de Minas Gerais, Carlos Alberto Simões de Tomaz. Na petição do juiz, os jogos são proibidos pelas características de violência, que podem instigar atos violentos por parte dos jogadores. Quem comercializa ou a Lan house que tiver os títulos instalados pode pagar multa de R$ 5 mil diária.
A decisão do juiz divide opiniões, como a do dono de uma lan house no setor P Norte, Milton Néri. Ele, que também desconhecia a medida, opina que o jogo não influencia no comportamento do jogador. Para ele, essa é uma decisão difícil de ser controlada, já que jogos como este são instalados nos computadores das casas das pessoas. "Para uma pessoa cometer um crime não precisa jogar um determinado jogo. A questão da violência envolve mais questões sociais e não questões de jogos violentos", acredita. Para ele, o jogo é mais uma diversão que uma ameaça para os adolescentes.
Segundo Néri, os colegas que também têm lan house na cidade tiveram os jogos proibidos instalados também não sabiam da lei. "Já sabia que era proibido vender, mas agora que estou sabendo da proibição da instalação em Lan House. Vou desinstalar dos computadores", disse. Na Lan house, Milton, crianças e adultos vão jogar o Counter Strike, o único proibido instalado nos computadores. Ele colocou o contador de computadores que estavam conectados jogando o Counter Strike naquele momento. Em 30 segundos, o contador contabilizou aproximadamente 10 mil pessoas interligadas conectadas na rede. Ele avalia que há crimes mais graves cometidos em sites de relacionamento como o Orkut, por exemplo. "Para mim não tem fundamento, pois há pessoas que participam de comunidade permitida como o Orkut ou MSN, cometem crimes horríveis", opinou.
Para o professor de psicologia da UNB, Ádeson Luiz Costa Junior, o estado não pode responsabilizar os jogos como a causa para a violência entre os jovens. Apesar de aprovar a lei, ele disse que esse tipo de jogo pode ser um instigador, e não a causa principal da violência. Investimentos em ações sociais, sócio-educativas, melhor distribuição de renda e investimento em cultura seriam medidas mais eficazes que a proibição de jogos. "A violência tem múltiplas causas. Medidas sociais são mais eficientes que a proibição de vídeo-game", finaliza o professor.
Quem tem filhos adolescentes também desaprova a lei. Marcelo Paiva vai com os dois filhos para lan house acessar a internet ou jogar Counter Strike. "Não vejo alterações de comportamento nos meus filhos. Eles sempre jogaram. Penso que as pessoas são bandidas dentro das escolas. Não é um jogo de computador que faz um adolescente virar bandido ou não", finaliza.
Fonte: Tribuna do Brasil
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