Ceilândia, a cidade mais comercial do Distrito Federal, também aponta altos índices de inadimplência. Essa é uma reclamação freqüente entre os comerciantes da região. Alguns já negam vendas em cheques para clientes. De acordo com o levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), que administra o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), 4,9 % dos consumidores do DF estão com nome sujo na praça. Em maio do ano passado, o índice ficou em 4,7%.
O comerciante Gilberto Gomes, 54 anos, já cansado de receber cheques sem fundo, se vê desiludido com o prejuízo que recebeu nos últimos anos. Gilberto mostrou à equipe de reportagem da Tribuna do Brasil, uma sacola com vários cheques. O comerciante afirma que o valor já passou dos R$ 100 mil. "Todos que pedem compras no cheque alegam referências. Quando os cheques voltam, eles dão desculpas; e não existe lei que ajude o comerciante nessas situações", reclamou.
Outra queixa dos comerciantes são os bancos que só pensam em disponibilizar cheques e não se preocupam em ressarcir quem leva prejuízo quando os clientes não pagam. "Cansei de levar a situação para a Justiça de pequenas causas. Quando entram em acordo com o pagamento, o credor chega a pagar as primeiras parcelas e em seguida passa a não depositar, deixando o comerciante cada vez mais irritado", afirmou.
De acordo com a CDL, no último mês mais de 143 mil pessoas tiveram o nome incluído no SPC. O proprietário de uma loja de materiais de construção de Ceilândia, Nezildo Ribeiro de Farias Filho, afirmou que o índice de inadimplência da sua loja é relativamente alto, chegando a 2% ao mês. "Antes o cheque tinha muita credibilidade no mercado de trabalho, era só para quem tinha condições financeiras em arcar com aquelas despesas. As fáceis condições dos bancos deslumbram as pessoas que consomem mais do que podem", reclamou.
O comerciante acredita que esse ramo de materiais de construção é imprevisível e que não se tem uma noção do quanto será gasto. Ou seja, acabam comprando mais do que podem. Nezildo afirma que, com o tempo, os comerciantes aprendem a lidar com essas dificuldades no mercado e não podem confiar em tudo e em todos. "Temos que ter um equilíbrio, já que precisamos ser mais burocráticos nas compras com cheques. Mas não podemos dificultar por causa da concorrência", enfatizou.
Os comerciantes ainda reclamam da dificuldade para receber os cheques que voltam sem fundo. "É quase impossível ser reembolsado, mesmo trabalhando com auxílio de empresas de cobrança" contou Nezildo. Encarregado de um supermercado de Ceilândia há mais de cinco anos, Iedo de Souza afirma que as vendas no cheque são feitas apenas para os antigos clientes. "Antes fazíamos cadastros para as compras com cheques, mas mesmo assim o índice de maus pagadores era alto. Hoje vendemos apenas para clientes que já fizeram cadastros e não efetuamos novos", disse.
Fonte: Tribuna do Brasil
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