segunda-feira, 16 de junho de 2008

Certidão de Ceilândia



A certidão de nascimento da Ceilândia
Antonio Garcia Muralha

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Águas Emendadas

Ceilândia…lândia dos filhos das aves de arribação
Que pousaram no planalto conscientes da missão
De plantar no Centro-Oeste do Brasil em construção
Aço e pedra, de tal forma que, pela obra da mão
Do cerrado se fizesse construir um coração
Que palpitasse bem forte no peito desta nação
Dia e noite, noite e dia, soca paçoca pilão!

Pioneiros operários

Ceilândia….lândia dos filhos das aves de arribação
Que, já no imenso planalto, sob o sol da solidão
No mesmo dia aprenderam sua nova profissão
Areia, cimento e brita, seu novo nome peão
Das obras que eles faziam sem saber pra qual patrão
Como abelhas operárias sem rainha e sem zangão
Dia e noite, noite e dia, soca paçoca pilão!

Capital da esperança

Ceilândia…lândia dos filhos das aves de arribação
Que construíram Brasília, o orgulho deste torrão
Torrão que também é deles, mas que nem sabem quem são
Pois que, empenhados nas obras com toda dedicação
Nem em sonhos construíram sua própria habitação
Por isso em cada caixote tinha um barraco-embrião
Dia e noite, noite e dia, soca paçoca pilão!

Cidade Livre

Ceilândia…lândia dos filhos das aves de arribação
Que transformavam caixotes em telhas de barracão
Crescendo o Plano Piloto das vilas em progressão
Na IAPI, na Tenório, na Mercedes da ilusão
Formando o maior complexo da mais famosa invasão
Que crescia na medida em que crescia a migração
Dia e noite, noite e dia, soca paçoca pilão!

Via Hélio Prates

Ceilândia…lândia dos filhos das aves de arribçaão
Que não sabiam que as vilas com tamanha dimensão
Eram menores ainda que os terrenos de mansão
E que, ferindo a paisagem quando vistas de avião
Pelos doutores que vinham pra fazer reunião
Tinham que ser removidas as vilas e a multidão
Dia e noite, noite e dia, soca paçoca pilão!



Fonte: Blog Correio Braziliense

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