Moradores de Ceilândia, participantes de movimentos sociais locais e professores da UnB relembraram a história da cidade, após assistirem ao vídeo-documentário Invasores ou excluídos?, na terça-feira, dia 23 de junho. A iniciativa foi organizada pelos integrantes do primeiro projeto de extensão da universidade em Ceilândia, Formação comunitária para ações de promoção da saúde e da qualidade de vida – construindo ambientes saudáveis.
O projeto criou um cineclube para exibir vídeos e promover debates mensais. A exibição desta terça-feira foi a segunda organizada pelo grupo. O primeiro encontro aconteceu em 19 de maio. O objetivo é mapear os movimentos sociais de Ceilândia, dialogar com a comunidade e identificar problemas da região.
“Vamos criar projetos de intervenção no meio ambiente para melhorar a qualidade de vida da população. É um projeto de caráter participativo”, afirmou o professor da Faculdade de Ceilândia e coordenador do projeto, Fernando Carneiro.
O vídeo-documentário Invasores ou excluídos?, do diretor César Mendes, é uma produção da UnB de 1989 que retrata o surgimento das primeiras favelas no Distrito Federal, a política habitacional da época e a criação das cidades satélites.
Milhares de pessoas vieram para o Planalto Central na década de 50 para trabalhar na construção de Brasília. À época, o governo esperava que esses operários voltassem às cidades de origem depois de concluídas as obras. As primeiras favelas do Distrito Federal, como a do IAPI, surgiram próximas ao Plano Piloto.
Aos poucos, esses trabalhadores que não queriam ir embora da cidade foram sendo afastados para áreas mais distantes do Plano Piloto. Ceilândia, criada em 1971, é fruto da Campanha de Erradicação de Invasões. Os primeiros movimentos sociais da cidade, como o extinto Incansáveis Moradores de Ceilândia, surgiram por conta da especulação imobiliária crescente na região à época.
“O governo estabeleceu um preço para os lotes, depois eles ficaram mais caros e a gente não teria como pagar. O objetivo na época era fazer com que os moradores oficiais permanecessem em seus lotes”, lembrou Conceição Maria Ribeiro, moradora de Ceilândia que participou do movimento na década de 80.
Para Veridiano de Brito, voluntário da Associação Comunitária de Expansão do Setor O, o vídeo retrata a história de Brasília. “A alternativa foi segregar as pessoas que construíram a cidade do centro urbano. Ceilândia não tinha água, não tinha luz, era precária”, afirmou.
Os professores Aldo Paviani, pesquisador do Departamento de Geografia, e Luiz Govêa, da Faculdade de Arquitetura, foram entrevistados no vídeo e deram depoimento durante o debate. Para eles, a luta dos moradores foi relevante. “Houve um viés de autoritarismo em Ceilândia. Brasilienses natos foram chamados de invasores e erradicados. Uma ofensa à cidadania para o Plano Piloto ficar limpo das favelas”, opinou Aldo Paviani.
Para os professores, é preciso reparar a injustiça social. É necessário criar indústrias e gerar emprego nas cidades satélites. “É preciso que elas sejam menos satélite e mais cidade, oferecendo empregos, hospitais, clubes, arborização. Não é possível uma cidade do tamanho de Ceilândia não ter indústria. Não há lógica em deslocar trabalhadores para o Plano Piloto”, ressaltou o professor Luiz Gouvêa.
Fonte: ClicaBrasília
O projeto criou um cineclube para exibir vídeos e promover debates mensais. A exibição desta terça-feira foi a segunda organizada pelo grupo. O primeiro encontro aconteceu em 19 de maio. O objetivo é mapear os movimentos sociais de Ceilândia, dialogar com a comunidade e identificar problemas da região.
“Vamos criar projetos de intervenção no meio ambiente para melhorar a qualidade de vida da população. É um projeto de caráter participativo”, afirmou o professor da Faculdade de Ceilândia e coordenador do projeto, Fernando Carneiro.
O vídeo-documentário Invasores ou excluídos?, do diretor César Mendes, é uma produção da UnB de 1989 que retrata o surgimento das primeiras favelas no Distrito Federal, a política habitacional da época e a criação das cidades satélites.
Milhares de pessoas vieram para o Planalto Central na década de 50 para trabalhar na construção de Brasília. À época, o governo esperava que esses operários voltassem às cidades de origem depois de concluídas as obras. As primeiras favelas do Distrito Federal, como a do IAPI, surgiram próximas ao Plano Piloto.
Aos poucos, esses trabalhadores que não queriam ir embora da cidade foram sendo afastados para áreas mais distantes do Plano Piloto. Ceilândia, criada em 1971, é fruto da Campanha de Erradicação de Invasões. Os primeiros movimentos sociais da cidade, como o extinto Incansáveis Moradores de Ceilândia, surgiram por conta da especulação imobiliária crescente na região à época.
“O governo estabeleceu um preço para os lotes, depois eles ficaram mais caros e a gente não teria como pagar. O objetivo na época era fazer com que os moradores oficiais permanecessem em seus lotes”, lembrou Conceição Maria Ribeiro, moradora de Ceilândia que participou do movimento na década de 80.
Para Veridiano de Brito, voluntário da Associação Comunitária de Expansão do Setor O, o vídeo retrata a história de Brasília. “A alternativa foi segregar as pessoas que construíram a cidade do centro urbano. Ceilândia não tinha água, não tinha luz, era precária”, afirmou.
Os professores Aldo Paviani, pesquisador do Departamento de Geografia, e Luiz Govêa, da Faculdade de Arquitetura, foram entrevistados no vídeo e deram depoimento durante o debate. Para eles, a luta dos moradores foi relevante. “Houve um viés de autoritarismo em Ceilândia. Brasilienses natos foram chamados de invasores e erradicados. Uma ofensa à cidadania para o Plano Piloto ficar limpo das favelas”, opinou Aldo Paviani.
Para os professores, é preciso reparar a injustiça social. É necessário criar indústrias e gerar emprego nas cidades satélites. “É preciso que elas sejam menos satélite e mais cidade, oferecendo empregos, hospitais, clubes, arborização. Não é possível uma cidade do tamanho de Ceilândia não ter indústria. Não há lógica em deslocar trabalhadores para o Plano Piloto”, ressaltou o professor Luiz Gouvêa.
Fonte: ClicaBrasília
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