sexta-feira, 5 de junho de 2009

Faltam clínicos gerais

O aviso está no setor de atendimento. Não há clínico geral no pronto-socorro do Hospital Regional de Ceilândia. A aposentada Maria Rosa de Brito levou um tombo, chegou com dores fortes nas costas e falta de ar, mas não foi atendida. “Dizem que não tem médico, eu vou embora. Não sei como vou ficar, vou embora.”

A auxiliar de enfermagem Wilcemara Zocatelli também chegou cedo ao hospital. Uma alergia deixou as mãos inchadas. Ela chegou a preencher a ficha de atendimento, mas foi embora sem a consulta e sem medicação. “A minha indignação é essa: e os impostos, que a gente paga tão caro? É a capital que tem o imposto mais caro e não tem atendimento no hospital quando procura”, reclama Wilcemara.

O funcionário do hospital Francisco de Assis também se revolta. Explica que não há clínico desde o início da semana e os ortopedistas estão fazendo cirurgias. Diz que tenta, mas não tem como ajudar os pacientes. “Eu peço aos vigilantes para colocarem as pessoas para dentro e eles perguntam como vai colocar se não tem médico. Então nós, atendentes, estamos para atender a população. Se não tem médico, o que a gente vai fazer? É um absurdo”, diz o funcionário.

E ele mesmo sofre com a falta de estrutura do hospital. “Aqui tem uma cadeira sem encosto, um banco para o pessoal dormir à noite. Estamos à mingua aqui.”

Quem consegue atendimento também reclama. O balconista Carlos Augusto está com a mulher internada desde segunda-feira, dia 1º. Ela completou 40 semanas de gestação no domingo. A bolsa estourou na madrugada de ontem e até hoje, dia 5, o parto não foi feito.

“A gente procura a recepção e eles falam que tem que aguardar, porque tem muita gente na frente. Ficam jogando para frente, falam que pode ser 12h, 14h, mais tarde. Pelo espaço de tempo que a bolsa estourou, não tem mais como aguardar. A gente fica muito preocupado com a saúde da criança”, conta o marido.

“Se der problema com a minha neta, como vai ser? Eles vão ser responsáveis? Quero saber se eles são responsáveis por ela”, questiona a mãe da paciente,

O diretor do hospital, Baelon Alves, informou que a paciente grávida toma remédios para induzir o parto e passa bem. Ele disse que faltam clínicos porque um aposentou e dois pediram demissão, mas já tem autorização para contratar outros médicos.



Fonte: Rede Globo e Band Cidade de 04/06/09

Nenhum comentário: