sábado, 13 de junho de 2009

Associação critica propaganda

1 - Semanalmente acompanhamos as ações do GDF por meio da publicidade oficial veiculada no GDFTV. Ao ouvirmos o noticioso se referindo aos feitos do GDF em Ceilândia nos deparamos com o uso de um linguajar arraigado, para não dizer "preconceituoso". Quando se refere a determinados fatos que ocorreu na cidade sempre mencionam que aconteceu “Na Ceilândia”, ao invés de expressarem que o fato ocorreu “Em Ceilândia”. Chegamos a crer que esta forma de se referir a cidade se deve ao fato de que as redações dos meios de comunicação e agências de publicidade no Distrito Federal ainda carregarem nos seus imaginários aquela visão da Campanha de Erradicação de Invasões, a famosa CEI, ação desenvolvida no período dos governos militares, que tinha por objetivo transferir as "invasões" que “ameaçavam” o plano original de Brasília, para lugares bem distantes do poder.


2 - Ao mergulharmos na história vimos que Ceilândia é fruto do sonho das pessoas que desejavam e desejam dias melhores. Vizinha de Taguatinga e Samambaia, suas irmãs, Ceilândia têm uma população que gira em torno de 600 mil habitantes, na sua grande maioria nordestina, sendo o maior aglomerado humano do Distrito Federal. Ceilândia é dos mais ativos mercados de consumo da região Centro-Oeste, além ter um colégio eleitoral que se tornou elemento decisivo para as eleições majoritárias no DF. Ademais, é celeiro de personalidades marcantes na cultura, no esporte, na política e no empreendedorismo.


3 - Apesar de todas essas qualidades, ainda luta para se fazer reconhecida pela sua importância. Não bastasse toda essa luta ainda há um sobrepujamento da sua atual realidade por uma pauta passada e baseada em fatos, negativos, que não mais existem no seu atual contexto, gerando, ainda, uma serie de pretextos e preconceitos quanto ao que representa atualmente.


4 - A construção da referência “Na Ceilândia” e “Da Ceilândia” impreguina e gera no imaginário coletivo da população, principalmente no ceilandense, uma baixa auto-estima, reproduzindo nas suas mentes uma insignificância, uma inexpressividade, somenos, ou seja, de menor valor que a outra.


5 - A cidade, como já falamos, surgiu da Campanha de Erradicação de Invasões (CEI), instituída pelo governo local em 27 de março de 1971. Hoje é dividida em diversos bairros como: Ceilândia Centro, Ceilândia Sul, Ceilândia Norte (esses três primeiros, juntamente com parte da Guariroba, formavam o setor tradicional, cujo projeto original é em formato de barril), Guariroba, setor P Sul, setor P Norte, Setor O, Expansão do Setor O, QNQ, QNR, um distrito Industrial, material de construção e parte do Incra (área rural da cidade). Setor Privê, outro bairro. Alguns condomínios próximos como: Pôr do Sol e Sol Nascente, que se encontram em processo de regularização. Todos juntos formam a comunidade individual com maior concentração de costumes culturais nordestinos do Distrito Federal, senão do Brasil.


6 - Ao longo desse processo de “marginalização” a que foi submetida a cidade, que teve sua construção composta por cidadãos que vieram do Morro do Urubu, IAPI, etc, que vieram da periferia da cidade livre, atual Núcleo Bandeirante, aqui se entenda! Marginalização como estado de ser marginal, marginalizado, colocado a margem, viver na periferia; fez brotar um preconceito que se estende até aos nossos dias e marca todas as questões que envolvam a população no seu exercício diário de cidadania. Por exemplo! Quando as pessoas vão buscar uma colocação no mercado de trabalho e informam o seu local de residência, há uma certa expressão de “espanto”. Esquecem eles que os “marginalizados” foram os responsáveis pela construção do sonho que hoje é realidade para todos nós, Brasília. Foi a vinda destes cidadãos e cidadãs de todas as partes do país que propiciou o sonho da Capital da Esperança. Junto a esse contingente de sonhadores, lá se encontravam os nordestinos, que logo após se tornaram ceilandense, creram que o sonho era possível.


7 - Ao falarmos desse processo de “menosprezo”, lembramos da musica Cidadão do cantor e compositor Zé Ramalho: “Tá vendo aquele edifício moço, ajudei a levantar, foi um tempo de aflição, era quatro condução, duas pra ir, duas pra voltar. Hoje depois dele pronto, olho pra cima e fico tonto, mas me vem um cidadão, e me diz desconfiado, tu tá aí admirado ou tá querendo roubar"


8 - E o compositor vai mais além na sua observação quanto à visão que se tem dos que vivem nas periferias. Esta visão normalmente é gerada pelo desconhecimento da vida diária dessas populações e seu passado de lutas, veja: “Eu nem posso olhar pro prédio que eu ajudei a fazer, tá vendo aquele colégio moço, eu também trabalhei lá, lá eu quase me arrebento, fiz a massa, pus cimento, ajudei a rebocar”.


9- Aos que ainda insistem em falar “Na Ceilândia” ou “Da Ceilândia” , sem conhecer a sua atual realidade, ou por falta de informação ou por usar informações requentadas pelo tempo, relatando a cidade pela CEI e não pela pujante "lândia", ou seja, “em Ceilândia” ou “De Ceilândia”, esclarecemos: Só para exemplificar! Ceilândia responde, hoje, pelo maior quantitativo global de arrecadação do ICMS no DF.


10 - De posse destes fundamentos, solicitamos aos idealizadores do GDFTV que aceite o desafio de quebrar o paradigma do preconceito profundamente enraizado no imaginário das pessoas e retire da publicidade, notas, matérias, correspondências e despachos oficiais do GDF as expressões Na Ceilândia “ou ”Da Ceilândia” e insira a expressões que ajudam a construir a cidadania plena da população ceilandense.“Em Ceilândia” estamos de coração aberto para receber você, faça uma visita ao povo “De Ceilândia”.



Fonte: ACIC-DF

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