O árbitro de futebol Paulo Lima, 40 anos, sempre se benze antes de cada tempo do jogo. No último domingo, ao apitar a semifinal do campeonato amador da Liga de Esportes das Categorias Independentes de Ceilândia (Lecic) entre Real Sociedade e 26 Futebol Clube, esqueceu de fazer o sinal da cruz depois do intervalo.
“Eu já vinha sendo agredido verbalmente durante a partida. Como o Real havia perdido o último jogo, a torcida e os jogadores estavam nervosos. Fui ameaçado várias vezes, mas ignorei. Quando houve o pênalti contra o Real na prorrogação, eles piraram e partiram para cima de mim com tudo. O goleiro até tentou me defender, mas piorou. O jogo não tinha segurança e a sorte é que ao lado tinha um show e consegui correr para lá para me proteger”, narra Paulo, que ganhou um galo na cabeça, um hematoma de 15cm na canela e dedos inchados, machucados na tentativa de se defender dos chutes.
Paulo afirma que preferia não ter ganho o dinheiro a viver o pesadelo. “Não sou árbitro por dinheiro. Faço porque amo. O que aconteceu no domingo ficou lá em Ceilândia. Não deixarei de atuar por causa do incidente”, revela o trabalhador da construção civil.
Mesmo sem acreditar na Justiça, ele registrou ocorrência na 15ª Delegacia de Polícia de Ceilândia contra quatro jogadores do Real e ficou de voltar para concluir o relato com mais calma. “Não vou retirar a queixa. Os culpados devem pagar pelo que fizeram. O pênalti que marquei era incontestável.”
Embora seja corajoso e destemido quanto às marcações e advertências em campo, Paulo teme retaliações. “Tenho medo que descubram meu endereço e façam algum mal a mim e à minha família.”
O amor de Paulo Lima pelo futebol começou nos anos de 1990, como jogador do Cruzeiro. Em 1997, ao enfrentar o Varjão, ele sofreu uma lesão e foi para o banco. Insatisfeito com a arbitragem do jogo, o presidente do time adversário convidou Paulo para apitar o restante da partida. “Ele disse que pior do que o juiz que estava apitando não poderia ficar. E como eu jogava bem, deveria entender mais de futebol do que o árbitro. Me passou o apito e gostou tanto que me chamou outras vezes para arbitrar por lá”, conta.
Desde então, Paulo não largou o apito. Ele nunca disse não para um jogo. Nem mesmo quando namorava Wilanir, com quem é casado há 17 anos. “Ele inventava histórias para não me encontrar no fim de semana e ir para o futebol. Pensei que fosse melhorar depois do casamento, mas não. Às vezes, quero passear com ele e nossos filhos e tenho que me programar para o horário em que não há partida. Viagem? Só fora da temporada. E mesmo assim, ele dá um jeito de descobrir onde tem um campinho e se oferece para apitar”, revela a mulher. “Faço 0800 (de graça) e eles adoram. Não é todo mundo que tem dinheiro para contratar um juiz para seu jogo”, conta, orgulhoso.
Com bom humor, Wilanir leva numa boa a vida dupla de Paulo — entre os canteiros de obra e os campos. Mesmo sem entender — e sem querer entender — as regras do esporte, ela apoia o marido. “Sempre que ele vai apitar, fico com o coração na mão. Casamento é assim: na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença”, afirma a mulher, que cuidou das lesões do marido com “muito gelo”. “É o melhor analgésico do mundo”, completa Paulo.
Fonte: Correio Braziliense
“Eu já vinha sendo agredido verbalmente durante a partida. Como o Real havia perdido o último jogo, a torcida e os jogadores estavam nervosos. Fui ameaçado várias vezes, mas ignorei. Quando houve o pênalti contra o Real na prorrogação, eles piraram e partiram para cima de mim com tudo. O goleiro até tentou me defender, mas piorou. O jogo não tinha segurança e a sorte é que ao lado tinha um show e consegui correr para lá para me proteger”, narra Paulo, que ganhou um galo na cabeça, um hematoma de 15cm na canela e dedos inchados, machucados na tentativa de se defender dos chutes.
Paulo afirma que preferia não ter ganho o dinheiro a viver o pesadelo. “Não sou árbitro por dinheiro. Faço porque amo. O que aconteceu no domingo ficou lá em Ceilândia. Não deixarei de atuar por causa do incidente”, revela o trabalhador da construção civil.
Mesmo sem acreditar na Justiça, ele registrou ocorrência na 15ª Delegacia de Polícia de Ceilândia contra quatro jogadores do Real e ficou de voltar para concluir o relato com mais calma. “Não vou retirar a queixa. Os culpados devem pagar pelo que fizeram. O pênalti que marquei era incontestável.”
Embora seja corajoso e destemido quanto às marcações e advertências em campo, Paulo teme retaliações. “Tenho medo que descubram meu endereço e façam algum mal a mim e à minha família.”
O amor de Paulo Lima pelo futebol começou nos anos de 1990, como jogador do Cruzeiro. Em 1997, ao enfrentar o Varjão, ele sofreu uma lesão e foi para o banco. Insatisfeito com a arbitragem do jogo, o presidente do time adversário convidou Paulo para apitar o restante da partida. “Ele disse que pior do que o juiz que estava apitando não poderia ficar. E como eu jogava bem, deveria entender mais de futebol do que o árbitro. Me passou o apito e gostou tanto que me chamou outras vezes para arbitrar por lá”, conta.
Desde então, Paulo não largou o apito. Ele nunca disse não para um jogo. Nem mesmo quando namorava Wilanir, com quem é casado há 17 anos. “Ele inventava histórias para não me encontrar no fim de semana e ir para o futebol. Pensei que fosse melhorar depois do casamento, mas não. Às vezes, quero passear com ele e nossos filhos e tenho que me programar para o horário em que não há partida. Viagem? Só fora da temporada. E mesmo assim, ele dá um jeito de descobrir onde tem um campinho e se oferece para apitar”, revela a mulher. “Faço 0800 (de graça) e eles adoram. Não é todo mundo que tem dinheiro para contratar um juiz para seu jogo”, conta, orgulhoso.
Com bom humor, Wilanir leva numa boa a vida dupla de Paulo — entre os canteiros de obra e os campos. Mesmo sem entender — e sem querer entender — as regras do esporte, ela apoia o marido. “Sempre que ele vai apitar, fico com o coração na mão. Casamento é assim: na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença”, afirma a mulher, que cuidou das lesões do marido com “muito gelo”. “É o melhor analgésico do mundo”, completa Paulo.
Fonte: Correio Braziliense
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