quinta-feira, 2 de julho de 2009

Lixões são perceptíveis

Maria Limpa, uma boneca que luta contra a sujeira, não se sentiu em casa quando chegou na QNN 18/20 em Ceilândia Sul. Um dos espaços tem um apelido sugestivo: “Limpão”. “Limpão” coisa nenhuma! “Este lugar que é chamado de ‘Limpão’ está parecendo mais é um lixão, ou seja, um ‘Sujão’”, reclama um morador.

E no “Sujão”, quer dizer “Limpão”, Maria Limpa andou muito na manhã desta quinta-feira, dia 2. De lá pra cá e daqui pra lá. E as crianças foram as que mais reclamaram. “A gente gostaria de ter um lugar bem limpinho pra brincar, pular”, diz Samira Araújo, 10 anos.

Já com as mães, Maria Limpa teve uma conversa séria. “Fizeram o parquinho para as crianças, mas existe muito lixo, sujeira e animais. Não há condições pra deixarmos nossos filhos aqui”, reclama a operadora de caixa Elizabeth Moreira.

E por fim, ainda nos braços dos moradores, Maria Limpa viu que até a natureza está correndo risco. “Dona Maria Limpa, a árvore está queimada, a sujeira está espalhada e de vez em quando a gente encontra até rato morto. Como é que a gente vai continuar passando por aqui com todo esse entulho?”, questiona um senhor.

E não era só perto do parquinho os problemas. Maria Limpa pegou uma carona com Clériston Souza, que fez questão de colocar o cinto nela. O técnico administrativo questão de mostrar outro problema: um terreno particular que teve a obra embargada na década de 80 e acabou virando depósito de lixo. Assim, ele levou a visitante para fazer turismo num monumento à sujeira

Ao chegar, Maria Limpa foi recebida pela professora Eliane Andrade. “Por ter muito lixo aqui, ratos e insetos que moram no local acabam indo para as nossas residências. Tanto aqui quanto na outra área, que também tem lixo em excesso, está cheio de ratos. Então, eu gostaria que o nosso administrador visitasse o lugar, assim como você fez”, sugere.




O administrador de Ceilândia, Leonardo Moraes, deu entrevista no Bom Dia DF nesta quinta-feira, dia 2. E logo depois colocou um batalhão de garis para trabalhar. Maria Limpa ficou com eles, acompanhando todo o serviço. No meio da manhã tudo já estava limpo.

Mas a Maria Limpa fez questão de perguntar ao administrador como é que fica a situação do prédio abandonado. “Nós vamos procurar a Procuradoria para que eles entrem com uma ação judicial, pedindo na Justiça que o proprietário do lote tome uma providência, ou que ele venha a demolir o prédio ou mantenha o local limpo, de preferência termine a obra”, afirma Leonardo Moraes.

Ao lado de Maria Limpa, o administrador faz ainda as contas. Diariamente são despejadas, só em Ceilândia, 50 toneladas de lixo em terrenos baldios. “A comunidade tem que parar de jogar lixo na rua, tem que jogar no saquinho. Até o simples ato de estar andando com o seu carro na rua, comendo, então, não jogue o lixo pela janela. Coloque uma sacolinha, guarde, para depois jogar no local mais adequado. Sem isso nós não vamos conseguir dar uma solução”, enfatiza o administrador.

Certo, desta vez a Administração de Ceilândia fez a parte dela. E você como deve agir mesmo fora de Ceilândia? Como se tornar um cidadão? É importante pensar também no seu vizinho, na sua rua, no seu bairro.






Alguns moradores também de Ceilândia já tomaram uma iniciativa. Em grandes cestos colocam o lixo que pode ser reciclado. Valeska Veras, de 10 anos, aprendeu a importância de separar o lixo na escola. Desde então faz a tarefa direitinho. “Eu aprendi a reciclar na escola, junto com os professores. Quando cheguei na minha casa pedi para o meu pai trazer o lixo para reciclar na escola”, conta.

E todo o material vai parar nas mãos de pessoas como Hélio Nolasco. “Maria Limpa, já recolhemos o lixo, agora, é hora de reciclar”, diz.

Garrafas pet, papelões, retalhos: matéria-prima para o trabalho de 130 catadores. “Levanto às 6h, vou para as ruas, abro os sacos de lixos, cato o lixo que é reciclável, levo para minha casa para poder separar e o pessoal da associação vão lá para buscar”, relata a catadora Angela Freitas.

No galpão da Associação Recicle a Vida mais de cem toneladas são separadas por mês. Grande parte é vendida para a indústria e 10% vira artesanato: bolsas, agendas, brinquedos. Arte que a comunidade de Ceilândia ajudou a produzir.

“Quando a comunidade conhece e sabe onde vai colocar e direcionar há uma mudança. Nós fazemos um trabalho com as escolas para, justamente, começar essa mudança com as crianças desde cedo. É um trabalho de formiguinha, mas a gente vê que as pessoas estão mudando os seus hábitos, principalmente depois que elas conhecem o que se pode fazer com o material reciclado”, explica a coordenadora da Associação do Recicle a Vida, Mônica Licassali.



Fonte: Rede Globo aqui e aqui

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