sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Opinião: Manifesto Unb-Ceilândia

O dia 29 de outubro de 2008 entrou para a história do “recém-inaugurado” campus da UnB em Ceilândia. Cerca de 80 estudantes (1/3 do campus) pararam a Avenida Juscelino Kubitsheck (Hélio Prates), a principal de Ceilândia, para exigir aquilo que lhes é direito: condições básicas de ensino. Foi a primeira, espera-se que de muitas, mobilização dos estudantes desse campus. E isso porque ela foi esvaziada pela direção que, ao saber da manifestação, liberou mais cedo os estudantes do turno da manhã.

Como se sabe, as instalações físicas do campus estão previstas para ficar prontas em agosto de 2009. Até lá os estudantes deveriam estudar no Centro de Ensino Médio 04 (CEM 04 - Centrão). No entanto, os estudantes foram colocados no Núcleo de Práticas Jurídicas da UnB (NPJ), que fica em Ceilândia Centro e não possui as mínimas condições para que as aulas sejam ministradas. A justificativa era de que o CEM 04 estava em reformas e que em duas semanas ocorreria a mudança para o local. Criou-se então o “mito das duas semanas” que durou do início do semestre até o fim de outubro, quando os estudantes gritaram: BASTA! e ocuparam as ruas para exigir aquilo que é básico para os cursos de saúde: salas de aula, biblioteca e laboratórios.

Outro ponto importante é que o campus surgiu de um acordo entre o ex-reitor Timothy, deposto pelos estudantes em abril, e o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio do Governador Arruda (DEM), aquele que violou o painel de votação do Senado e renunciou para não ser cassado. O interessante disso é que o CEM 04 já está reformado e só depende do GDF ligar a eletricidade do colégio para que as aulas sejam lá. Fica então a pergunta: porque o Governo Arruda, que coloca propagandas na TV dizendo que levou a UnB para a Ceilândia, não dá o mínimo de condições, como a eletricidade, para que o campus de fato funcione? Qual o interesse do governo em manter esses estudantes em um local sem a mínima condições para ser dada uma aula? É preciso lembrá-lo que a UnB é um direito, não um favor!

Alheios às vontades políticas do governador e enfrentado o esvaziamento provocado pela direção do campus, os estudantes se mobilizam e exigem aquilo que lhes é direito: educação pública e gratuita de qualidade e as condições para que isso ocorra. E é melhor que o GDF aja logo ou irá escutar bastante as palavras de ordem que foram entoadas nesse dia 29 de outubro pela primeira vez: “Sou estudante. Quero estudar! E o GDF não quer deixar!” Enfim, um dia que entra na história da UnB-Ceilândia e que deixa a certeza de que a mobilização continuará.


Fonte: blog Danilo Silvestre

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