O crescimento ao redor de Brasília foi tão rápido e intenso que, antes mesmo da consolidação de cidades como Ceilândia, Planaltina e Sobradinho, surgiram invasões para abrigar as pessoas que ficaram de fora das regiões planejadas. Essa movimentação dentro do território do DF deu início a um fenômeno chamado pelos especialistas de “a periferia da periferia”. Arapoanga, Mestre d’Armas e Vale do Amanhecer, por exemplo, cresceram em função de Planaltina e dela dependem. Itapoã virou quase um adendo do Paranoá. Sol Nascente e Pôr-do-Sol são a extensão mais pobre de Ceilândia. Em comum, elas sofrem com a ausência de infra-estrutura. O cenário da periferia da periferia também representa um desafio em dobro para o governo: terminar o que está inacabado e dar o mínimo de estrutura para os novos bolsões de pobreza. Como o Correio mostrou ontem, o Distrito Federal registrou um aumento de 132% na ocupação do território urbano nos últimos 22 anos — hoje a população está espalhada por 65 mil hectares contra 28 mil em 1986.
A babá Elisângela Rodrigues da Silva, 27 anos, faz parte desse grupo de pessoas que optaram por um local sem infra-estrutura em busca da casa própria. Ela morava com o marido e a filha de oito anos em Ceilândia Norte e pagava R$ 250 de aluguel todos os meses, além de R$ 40 de água e luz. Há dois anos, os Silva compraram um terreno no condomínio Sol Nascente. Pagaram R$ 5 mil pelo lote e, pouco a pouco, construíram a casa simples, de apenas um cômodo. Feliz com a conquista da casa própria, Elisângela — grávida de oito meses do segundo filho — ainda sonha com melhorias para a região. “Fico feliz por ter a minha casa, mas é muito difícil morar aqui. A gente sofre com a poeira e com o cheiro de esgoto. E já fui assaltada por um homem armado quando caminhava até a parada de ônibus”, conta a babá.
Paralelamente à implantação da infra-estrutura nas novas periferias, os técnicos do governo terão que evitar o surgimento de mais assentamentos irregulares. “A saída para isso é planejar o crescimento. A principal meta é criar estoques de áreas para serem utilizadas de forma ordenada. Não existe como impedir o crescimento natural da população, mas temos meios de organizá-lo”, garante o diretor-técnico da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), Luis Antônio Reis.
O professor de arquitetura e urbanismo da UnB Aldo Paviani também defende a ocupação de áreas em eixos de desenvolvimento já consolidados. “Se o planejamento for efetivo, será possível distribuir a população em locais adequados. A verticalização é uma saída, desde que não se criem aberrações como Águas Claras, em que os prédios têm mais de 20 andares. Edifícios de três, quatro andares em Ceilândia poderiam abrigar um número grande de famílias”, explica Aldo. “Dessa forma, os moradores teriam qualidade de vida, com água tratada e acesso a transportes públicos.”
O fenômeno do surgimento das periferias das periferias não é exclusividade do DF. O especialista em políticas urbanas e professor da Universidade de São Paulo Nabil Bonduki lembra que a capital paulista e o Rio de Janeiro também tiveram que enfrentar esse problema. “Nova Iguaçu, por exemplo, tem uma série de ocupações em seus arredores. Em Itapevi, em São Paulo, também observamos periferias com diferentes graus de consolidação. As áreas mais próximas das estações de metrô normalmente são mais organizadas”, explica Nabil.
Fonte: Correio Braziliense
A babá Elisângela Rodrigues da Silva, 27 anos, faz parte desse grupo de pessoas que optaram por um local sem infra-estrutura em busca da casa própria. Ela morava com o marido e a filha de oito anos em Ceilândia Norte e pagava R$ 250 de aluguel todos os meses, além de R$ 40 de água e luz. Há dois anos, os Silva compraram um terreno no condomínio Sol Nascente. Pagaram R$ 5 mil pelo lote e, pouco a pouco, construíram a casa simples, de apenas um cômodo. Feliz com a conquista da casa própria, Elisângela — grávida de oito meses do segundo filho — ainda sonha com melhorias para a região. “Fico feliz por ter a minha casa, mas é muito difícil morar aqui. A gente sofre com a poeira e com o cheiro de esgoto. E já fui assaltada por um homem armado quando caminhava até a parada de ônibus”, conta a babá.
Paralelamente à implantação da infra-estrutura nas novas periferias, os técnicos do governo terão que evitar o surgimento de mais assentamentos irregulares. “A saída para isso é planejar o crescimento. A principal meta é criar estoques de áreas para serem utilizadas de forma ordenada. Não existe como impedir o crescimento natural da população, mas temos meios de organizá-lo”, garante o diretor-técnico da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), Luis Antônio Reis.
O professor de arquitetura e urbanismo da UnB Aldo Paviani também defende a ocupação de áreas em eixos de desenvolvimento já consolidados. “Se o planejamento for efetivo, será possível distribuir a população em locais adequados. A verticalização é uma saída, desde que não se criem aberrações como Águas Claras, em que os prédios têm mais de 20 andares. Edifícios de três, quatro andares em Ceilândia poderiam abrigar um número grande de famílias”, explica Aldo. “Dessa forma, os moradores teriam qualidade de vida, com água tratada e acesso a transportes públicos.”
O fenômeno do surgimento das periferias das periferias não é exclusividade do DF. O especialista em políticas urbanas e professor da Universidade de São Paulo Nabil Bonduki lembra que a capital paulista e o Rio de Janeiro também tiveram que enfrentar esse problema. “Nova Iguaçu, por exemplo, tem uma série de ocupações em seus arredores. Em Itapevi, em São Paulo, também observamos periferias com diferentes graus de consolidação. As áreas mais próximas das estações de metrô normalmente são mais organizadas”, explica Nabil.
Fonte: Correio Braziliense
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