quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Sem cartas

Receber a correspondência na loja da comerciante Vilma Maria de Lima, 33 anos, é difícil. Há seis anos, Vilma tem um comércio na SHPS Q. 202 conjunto 'A' lote 18 do Setor Por do Sol em Ceilândia. Mas, desde que a loja foi inaugurada nunca recebeu uma correspondência no endereço. O prejuízo por não chegar cartas no local pode ser medido em reais. Contas de bancos e telefones, cartões de crédito, pagamento dos fornecedores são todas pagas com atraso, e, conseqüentemente com multas e juros.

Para driblar o problema, Vilma mudou o endereço de correspondência para sua casa que fica fora do condomínio. Ela conta que já foram feitas várias reclamações, mas até hoje, não houve nenhuma mudança. "Eu acho um descaso muito grande. Sinto-me lesada por não contar com um trabalho de entrega de correspondência", reclamou.

Mas não é apenas Vilma que sofre com a situação, outros moradores do Por do Sol, também têm as cartas entregues em casas do condomínio visinho Sol Nascente. Aproximadamente 80 mil famílias dos dois condomínios têm algum problema com a falta da atuação dos Correios.

Para os moradores que já pagam o IPTU, que têm água encanada, rede de energia e de telefone em suas casas, o serviços dos Correios também deve ser feito nas duas áreas.

Dos Correios, contam apenas com o serviço de Caixa Postal. As cartas são entregues nas terças e quintas-feiras. Uma pessoa que fica responsável voluntariamente pela Caixa, faz separação dos envelopes, e as entregas para os síndicos das quadras.

No condomínio Por do Sol, a responsável pela postagem é a presidente da associação dos moradores Francisca Ambrósia, 60 anos. Apesar de separar aproximadamente mil cartas por dia, ela não vê problema na falta de atuação dos Correios no condomínio. "Eu faço o serviço porque gosto. Não vejo problema nisso. Só teremos um serviço de Correios depois que o condomínio for regularizado", afirmou Ambrósia.

A cabeleireira Wanessa Pereira dos Reis, 26 anos, não acha que a situação é tão simples assim. As cartas dela, como as de todas as outras pessoas do Por do Sol, são deixadas em cima de um balcão num supermercado do condomínio. Ela contou que várias cartas são extraviadas. "Não há organização. Como todo mundo tem acesso às correspondências, muitas somem. Isso é um problema para todos", lamentou.

O Condomínio Sol Nascente tem aproximadamente 70 mil residências, e uma única pessoa para fazer a separação das cartas. Evilásia Verônica Silva Oliveira, 37 anos, faz todo o serviço como voluntária há aproximadamente cinco anos. Ela contou que já foram feitas várias solicitações para colocar o serviço de Correios nos condomínios. Mas única promessa por parte da Empresa, seria o pagamento de uma pessoa para fazer a separação das cartas. "Não passou de promessa. O meu trabalho é muito maior que de um carteiro". No dia que as cartas chegam, ela passa o dia inteiro fazendo o serviço. Por dia, ela chega a separar aproximadamente 2,5 mil cartas. "Os Correios cobram dos responsáveis pelas Caixas Portais, que as correspondências devem ser devolvidas carimbadas. Mas não faz nada para colocar um Cep no condomínio" reclamou. Segundo Verônica o problema é maior no início do ano, quando são entregues as contas do IPTU.

Segundo o gerente de operações da Regional dos Correios Édson Batista Morais, o serviço dos Correios é implantado nas áreas regularizadas. A determinação vem do Ministérios das Comunicações. Morais esclarece, que apesar das casas terem placas de identificação, os endereços podem sofrer alterações depois do processo de regularização dos condomínios pelo o GDF. "Na regularização tem que ter o mapa da área, o plano urbanístico. Só depois faremos o estudo de como será feito o trabalho de distribuição no local", informou. "Infelizmente não podemos fazer nada antes dessa regularização da área", completou.


Fonte: Tribuna do Brasil

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