terça-feira, 30 de setembro de 2008

Escolas sem aulas

No Colégio Ave Branca, em Taguatinga, praticamente não houve adesão dos professores à paralisação. Já no Centro de Ensino Fundamental 15 eles não apareceram.

“No total somos 46 professores, no período da manhã e da tarde. Pela manhã vieram dois professores, que vão ao passeio com os alunos. À tarde eu não sei“, disse o diretor da escola, Wanderval Sales.

A adesão também foi total no Centro de Ensino Médio 3, em Ceilândia. Na Asa Sul, no Colégio Elefante Branco, poucos alunos para as poucas salas de aula onde havia professor. Oito entre 30 foram trabalhar. Escolas como a Polivalente, na 912, enviaram carta aos pais avisando que hoje e amanha não haveria aula.

Mesmo assim, teve gente que esqueceu: “Corri aqui para chegar na escola, mas não tem aula. Achei que tivesse atrasado. Esqueci que não tinha aula, confundi“, conta o aluno Artur Cunha.

Este ano, alunos da rede pública já ficaram cinco dias sem aula por causa de paralisação dos professores. Sete dias levando em conta as faltas de hoje e de amanhã. Estudante do Cesas, Patrícia Guerda ficou chateada: “É um absurdo. Não pode de jeito nenhum. Mas fazer o quê? A gente está terminando o terceiro ano e assim não tem bagagem nenhuma para fazer faculdade“.

A paralisação de hoje e amanhã, que o Sindicato dos Professores (Sinpro) chama de 'greve de advertência', é uma forma de avisar ao governo que eles não vão aceitar um reajuste menor que 20%, em março do ano que vem.

Este é o índice pelo qual o governo federal reajustou o Fundo Constitucional do DF e que, por lei, deverá reajustar os salários dos professores em 2009 e 2010. A diretora do Sinpro explica que a antecedência é porque o governo teria dito que não terá dinheiro para os 20%. Ela diz também que a exigência imediata da categoria é a regulamentação do plano de carreira, aprovado em dezembro de 2007.

“Não é reajuste. São direitos que nós conquistamos, mas que dependem da regulamentação. Nós estendemos que já estamos praticamente em outubro, então estamos caminhando para o fim do ano e não dá para aguardar por mais tempo essa regulamentação“, explica a diretora do Sinpro, Rosilene Corrêa.

Independente dos argumentos, os alunos se queixam: “Agora eu vou ficar no prejuízo”, diz um estudante. E a colega complementa: “É ruim, porque a gente está perdendo matéria também”.

O governador José Roberto Arruda confirmou que os pontos dos professores faltosos vão ser cortados. “Obviamente, os profissionais que faltarem terão seu ponto cortado, de acordo com a legislação brasileira. E com todas as conseqüências para a folha profissional, porque não dá mais para transgredir com a lei. Uma disputa sindical prejudicar 500 mil crianças? Aqui para nós, é um pouco demais da conta“.


Fonte: Rede Globo

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