segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O GDF já sabia...

O viaduto Israel Pinheiro não resolveu os problemas de engarrafamento na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), mas o governo não esperava mesmo que isso acontecesse. A DF-079, que liga o Park Way à via e os semáforos nas entradas do Guará e do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) são apontados como os vilões. A solução para desafogar a pista é um ambicioso projeto que inclui a construção de pistas marginais, outros quatro viadutos, 17 passagens de pedestres e um corredor exclusivo para ônibus. A expectativa da Secretaria de Transportes é começar as obras em outubro.

O Correio acompanhou o tráfego na EPTG na manhã da última sexta-feira (29/09) e documentou a luta dos motoristas para se deslocar das cidades mais populosas do Distrito Federal para o Plano Piloto e arredores. Antes das 7h, o número de carros já é grande e obriga o condutor a transitar abaixo dos 30 km/h em muitos pontos. “A contenção maior é no Guará. Tem lá o semáforo e um grande número de veículos entrando na EPTG. No SIA também não é fácil”, comenta o morador de Ceilândia Ailton Lelis Landim, 32 anos, que passa pela pista de moto duas vezes por dia. “Ando por todo o DF e Entorno porque trabalho como localizador de veículos. Aqui é a pista mais engarrafada”, afirma. Ele não percebeu melhoras depois da inauguração do viaduto, que custou R$ 21 milhões e foi inaugurado no último dia 16, mas comemora o fim das obras: “O desvio fazia ficar engarrafado. Agora, para mim, está igual a antigamente. Mas não há como negar que melhorou para quem mora em Águas Claras”, admite.


Esse, segundo o secretário de Transportes, Alberto Fraga, era o objetivo da construção. “O viaduto não foi pensado para resolver a questão do engarrafamento, mas para minimizar o problema dos moradores de Águas Claras, Vicente Pires e Arniqueiras”, defende ele. Isso aconteceu, segundo o cabo da PM Carlos Silva, que trabalha no Comando de Polícia Rodoviária (CPRv), bem em frente ao viaduto. “Simplificou demais o acesso; eles vêm e passam. O problema maior agora é na DF-079, que desemboca na parte de baixo do viaduto”, explica. Antes da conclusão da obra, os motoristas ficavam parados esperando uma brecha para entrar na via que leva ao Plano Piloto. “Agora, o engarrafamento é na própria EPTG. Eles vêm de três faixas e só têm duas à disposição quando mudam de rodovia”, explica. Os semáforos do Guará e SIA também são citados pelo policial como pontos críticos de retenção. “É preciso tirá-los. O governo poderia colocar lá a passarela de pedestres que foi retirada aqui do local do novo viaduto, de modo que os carros que querem fazer a conversão andem mais um pouco até o próximo retorno”, opina.

De Taguatinga até o novo viaduto, o trânsito tem fluído bem. Na última sexta-feira, às 7h30, não havia engarrafamento no local mesmo com duas faixas interditadas por causa de um acidente. O comerciante César dos Santos, 40, se envolveu na ocorrência. Um motociclista se chocou contra seu VW Gol quando ele seguia bem em cima do viaduto. “Os carros iam devagar, a moto veio rápido no corredor e o piloto perdeu o controle porque a fila da direita estava desviando dos cones de sinalização”, justifica ele, que mora e trabalha na Estrutural. “Mas passo aqui duas vezes por dia, às 7h30 e às 17h30. Venho comprar mercadorias para o meu comércio. Eu acho que melhorou um pouco. Antes, eu pegava trânsito lento desde Taguatinga; agora, começa depois do viaduto”, informa.

Semáforos
O GDF pretende retirar nos próximos dois anos os semáforos que incomodam o motorista. Esse é o tempo previsto de execução do projeto de revitalização da EPTG. As primeiras intervenções que devem sair do papel são pistas marginais de duas faixas e mão única nos dois lados da via principal. “Para não cometer o erro do primeiro viaduto e deixar o usuário irritado. Quando começarem as obras, a opção de desvio estará consolidada”, explica Fraga.

Outros quatro viadutos parecidos com o Israel Pinheiro serão construídos, simultaneamente, na via. Um deles será outro acesso a Águas Claras, na saída de Taguatinga. Seguindo o sentido Plano Piloto, o próximo viaduto levará o motorista a Vicente Pires e ao Jóquei Clube. Os outros dois ligarão a EPTG ao SIA e à Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia). Na pista principal, haverá uma faixa exclusiva para o transporte coletivo, a primeira do DF. “Com isso, pretendemos resolver o problema do engarrafamento”, garante o secretário. Com as intervenções, a pista deve estar preparada para receber um trânsito mais pesado do que o atual, que gira em torno de140 mil veículos por dia. “Antes do viaduto, eram 120 mil por dia. Eu até prefiro que o motorista use a Estrutural, que tem seis faixas, no horário de pico, mas parece que ele prefere a EPTG”, avalia Fraga.

Para os pedestres está prevista a construção de 17 passarelas, uma delas subterrânea. Será a passagem que ligará o Guará ao Conjunto Lucio Costa. As outras serão aéreas, sem cobertura, e feitas de concreto, diferentes daquelas a que o brasiliense está acostumado. “São mais modernas e duráveis. Cada uma custa quase R$ 1,5 milhão”, conta Fraga.

A obra completa tem custo estimado de R$ 194 milhões. A verba vem de um empréstimo que o GDF conseguiu no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Nossa previsão é entregar os editais de licitação para as empresas interessadas até quinta-feira. Eles foram elaborados com muito cuidado e estou torcendo para não termos problemas”, conclui Fraga.


Fonte: Correio Braziliense

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