Há 14 anos, quando teve a primeira filha, Iara Lúcia Silva transformou em profissão o problema da falta de vagas em creches públicas. Como não conseguia ninguém para cuidar da filha, saiu do emprego.
Aos poucos, as vizinhas começaram a deixar os filhos na casa de Iara enquanto iam trabalhar. Hoje, quase oito anos depois, ela virou mãe-crecheira e passa os dias cuidando de 14 crianças, de 6 meses a 7 anos em sua casa, na cidade de Ceilândia.
“Eu cheguei a colocar a Carolina em uma creche paga, mas gastava quase o que ganhava no trabalho. Meu emprego virou o de mãe-crecheira – eu trabalho em casa, cuido das minhas filhas e ajudo as outras mães também ”, diz Iara, que cobra R$ 180 por mês por criança. “Creche pública é quase impossível. Aqui em Ceilândia são muito lotadas”.
Os três filhos de Girleide Alves de Melo, de 37 anos, passam o dia com Iara. Operadora de caixa, Girleide acorda às 5h30 para arrumar as crianças antes de ir trabalhar. Ela mora na rua de Iara e diz que nem cogita a possibilidade de se mudar de lá, porque depende dos serviços da mãe-crecheira para poder sustentar a família. Ela chegou a conseguir vaga em creches públicas, mas apenas para um dos filhos.
“Cuido dos três sozinha: sou pai, mãe e tia, não tenho família aqui [no Distrito Federal]. Conto com a ajuda da Iara, porque, além de ser mãe-crecheira, ela é amiga, me dá uma força. É muito difícil criar três filhos sozinha e com um salário baixo.” Iara, a mãe-crecheira, defende a união das mulheres para vencer as dificuldades diárias. “Eu gosto muito do que eu faço, não é pela necessidade do dinheiro, é mais porque elas são o espelho da minha história”, conta.
Fonte: Agência Brasil e Jornal de Brasília de 12/05/08
Um comentário:
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