sexta-feira, 30 de maio de 2008

Feiras sem energia



Por falta de pagamento, a Companhia Energética de Brasília (CEB) cortou na quarta-feira passada (2105), o fornecimento de energia das áreas comuns das feiras da Guariroba, do Setor "O", do Setor P. Norte e do Shopping Popular da Ceilândia. Porém, mais de uma semana depois do corte, só a energia do Shopping Popular foi religada. Com o corte, corredores, banheiros e a área externa das feiras ficaram no escuro.

O pagamento da energia das áreas comuns, de acordo com o decreto 27400/1999, é de responsabilidade da Administração da cidade. No entanto, a Procuradoria Geral do DF fez uma recomendação, em abril deste ano, de que o pagamento dessas contas não caberia mais as Administrações, e sim, aos feirantes.

Os atrasos nos pagamentos das contas de energia e de água são antigos - as contas estão atrasadas desde 2000. De acordo com a Administração, as feiras de Ceilândia acumulam, juntas, uma dívida de aproximadamente R$ 3,5 milhões em água e energia. Ainda de acordo com informações da Administração, somente as contas de 2007 foram pagas.

Com o problema da falta de energia, os que mais sofrem são os feirantes e principalmente a população que vive em volta das feiras. Segundo os moradores da região, a situação deixou a área residencial mais propícia a assaltos, seqüestros e outros tipos de violência que costumam acontecer com certa regularidade.

A Feira da Guariroba é uma das que estão totalmente no escuro. O local tem, hoje, aproximadamente 400 feirantes atuantes e acumula uma dívida de aproximadamente R$ 500 mil com a CEB. O presidente da Associação dos feirantes da Guariroba e do P. Sul, Marques Célio de Rodrigues, disse que não tem como os feirantes pagar as dívidas. Ele alegou que a conta deve ser paga pela Administração, uma vez que, a área em que foi cortada a energia é de domínio público, e eles (os feirantes) já pagam mensalmente a taxa de ocupação pública, cobrada pela Administração. Segundo a presidente dos feirantes, mesmo sendo cercada e por falta de energia, a área virou ponto de vendas de drogas, prostituição e assaltos.

Mas não é só no período da noite que a falta de energia oferece perigo. Muitos feirantes chegam cedo trabalhar e dizem que o local está tão caótico, que eles não encontram suas barracas no meio da escuridão. Até mesmo de dia, como a feira é coberta, fica difícil a circulação. "A gente vem se batendo até encontrar a nossa barraca", contou um comerciante. Aurora Lemos é vizinha à feira e reclamou da violência em torno do loca. "Estamos vivendo uma situação insustentável. Depois que a energia foi cortada, ficamos com medo de assaltos nas proximidades", desabafou.

Contudo, as dívidas não se resumem somente às feiras da Ceilândia. Várias outras feiras por todo o Distrito Federal também estão com as contas de água e energia atrasadas, correndo o risco de ter o fornecimento interrompido. Segundo Marques, que também é vice-presidente do Sindicato dos Feirantes do DF, já foram feitas reuniões com equipes do governo, mas nada foi acertado até o momento. Ele disse que se o problema não for resolvido, a categoria vai até o Buritinga protestar e pressionar o governo para arrumar uma solução. "A situação veio se acumulando, sendo jogada para 'baixo do tapete' até onde não teve mais jeito", reclamou.


Fonte: Tribuna do Brasil

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