O GDF lançou nesta semana um novo programa habitacional destinado a frear as invasões, através da oferta de moradias, especialmente à população de baixa renda.
Embora os sinais de saturação urbana do DF sejam evidentes, é possível entender um programa como esse, já que o problema de moradia existe e precisa ser resolvido. Ocorre que pretendem resolvê-lo com a ampliação de algumas cidades. Brazlândia, Ceilândia, Guará e Taguatinga seriam as vítimas preferenciais.
No caso de Ceilândia e Taguatinga, cabe perguntar: ampliar para onde? As duas, juntamente com Samambaia, formam a maior conurbação do DF. Parecem certas cidades da Ásia: um amontoado de concreto e asfalto, totalmente destituídas de áreas verdes que ajudem a amenizar os efeitos da poluição e ofereçam à população espaços de lazer. A qualidade de vida foi mandada às favas. Taguatinga, por exemplo, tem uma das avenidas mais feias do mundo, a Comercial, onde, além de faltarem calçadas dignas do nome, não se vê uma única árvore. A cidade, de classe média, pelo menos conta com a promessa de criação de um parque no Pistão Norte. Ceilândia, com uma população predominantemente de baixa renda, nem isso. A única área verde da cidade, localizada entre os setores P Sul e P Norte já foi parcialmente loteada de forma ilegal. Os invasores, em vez de desalojados, foram premiados com a regularização das invasões.
Recentemente o GDF lançou um balão de ensaio sobre uma possível ampliação do setor Sudoeste, com a criação de duas novas quadras. Diante da reação dos moradores, todos de classe média e classe média alta, já se fala em “ouvir a comunidade” antes de uma decisão sobre o assunto. No caso de Ceilândia, é pouco provável que peçam a opinião dos moradores. Não seria novidade.
No quadro atual, construir prédios de apartamentos nos lotes vazios que ainda restam em Ceilândia seria medida aceitável. Eles já estavam previstos no plano urbanístico da cidade. Mas a criação de novas quadras seria apenas mais um na série de crimes que vêm sendo cometidos contra os ceilandenses ao longo dos anos.
Fonte: Ceilândia.com
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