sábado, 29 de agosto de 2009

Trote inteligente

Depois de passar pela batalha do vestibular, os calouros da Universidade de Brasília (UnB) sentem outro tipo de frio na barriga. A apreensão ocorre por conta do trote aplicado pelos veteranos. De três anos para cá, no entanto, a ansiedade desaparece por uma boa causa. Os alunos mais antigos da instituição mudaram a forma de dar boas vindas aos novatos. Em vez de prendas violentas, como tomar água de esgoto ou raspar a cabeça, os estreantes no mundo universitário agora aprendem a dar aulas de cidadania a quem desconhece o significado da palavra.

Cerca de 100 estudantes da UnB escolheram uma escola pública de Ceilândia para oferecer a 920 alunos do ensino fundamental um dia diferente, repleto de brincadeiras, aulas de pintura, danças e gincanas. O grupo também doou ao colégio do Setor Guariroba 2 mil livros didáticos para compor o pequeno acervo da biblioteca.

Os calouros desembarcaram ontem no Centro de Atenção Integral à Criança (Caic) por volta das 11h. Além das doações, levaram muita alegria para a garotada. O ginásio de esportes foi escolhido para a realização das atividades. Houve até aulas de ciências. João Vitor Alves da Costa, 10 anos, se encantou com as cobras conservadas em recipientes de vidro. “São muito assustadoras”, observou o aluno da 4º série.

Os universitários também montaram um bazar com roupas doadas em campanhas realizadas na universidade. O dinheiro arrecadado com as vendas será revertido em peças publicitárias para divulgar o resultado da ação. A ideia é fazer com que a iniciativa ganhe mais adesões. A aluna do primeiro semestre de pedagogia Laís Cardoso Amaral gostou da mudança no perfil dos trotes. “É muito melhor do que aqueles outros violentos”, avaliou.



A diretora do Caic, Núbia Silva Miranda, também gostou do Trote Solidário. “A escola está boa em comparação com outras da rede de ensino público do DF. Mas precisávamos de livros em nosso acervo”, comemorou. Além de atividades esportivas, os estudantes de 1ª a 5ª séries conheceram algumas espécies de plantas nativas do cerrado. Um grupo de alunos veteranos de engenharia florestal ensinou nomes que, até então, eram desconhecidos do vocabulário dos alunos, como cagaita, ingá, jenipapo, ipê.

Os estudantes também plantaram algumas mudas típicas do cerrado no terreno dos fundos da escola. Leonardo Cardoso, 8, Lucas Mateus da Silva Costa, 12, e Luan Júnior da Silva Reis, 13, ficaram encantados com a experiência. “Espero que ela (a muda de jatobá) cresça e vire uma árvore enorme para nos dar sombra”, afirmou Leonardo, aluno da 2ª série.



Fonte: Correio Braziliense

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