sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O crescimento de Souza

Desde que saiu da pequena Posse, cidade goiana de 35 mil habitantes a 321km de Brasília, muita coisa mudou na vida de Elierce Barbosa de Souza. Menos os cabelos vermelhos. De ajudante de pedreiro, ganhando R$ 15 por dia, a titular do líder do Campeonato Brasileiro sob a batuta do exigente Muricy Ramalho, o volante de apenas 21 anos do Palmeiras tem motivos de sobra para abrir o sorriso no rosto cheio de sardas.

Há menos de quatro meses Souza jogava no Palmeiras B. Foi integrado ao grupo por Vanderlei Luxemburgo para suprir a falta de volantes no plantel principal, quando Edmílson e Sandro Silva se machucaram. Ganhou a primeira chance como titular simplesmente em um jogo da Libertadores fora de casa, na vitória palmeirense sobre o Colo-Colo por 1 x 0, no Chile. E mandou bem. De lá para cá, Luxa foi embora, Muricy Ramalho chegou e o volante se firma na equipe principal mostrando qualidades.

Souza começou no futebol do Distrito Federal. Em 2007, teve passagens discretas pela Ceilandense, na segundona candanga, e pelo Brasília, na terceira divisão local. Chegou até a abandonar o esporte depois de passar fome por falta de salário, mas resolveu dar mais uma chance para seu sonho. Fez um teste no Dom Pedro II e se tornou um dos destaques do vice-campeão candango em 2008. Na época, ainda era conhecido como Ferrugem.

Em abril do ano passado, o Gama chegou a anunciar a contratação do jogador, mas ele só treinou por apenas um dia no clube. Do alviverde candango, Souza acabou emprestado para o Verdão paulista — foi negociado em definitivo na virada do ano, por valor estimado em R$ 300 mil. E agora nem pensa em largar o futebol.

Ainda que não seja uma das estrelas do Palmeiras, o volante candango é extremamente eficiente. Não marcou nenhum gol e nem deu assistência na Série A, mas tem a marcação como ponto forte. Tem a segunda maior média de desarmes na equipe, com 24 em 11 jogos (2,18), atrás somente do campeão Pierre (3,93), com 59 roubadas de bola em 15 partidas. No entanto, o novato leva vantagem na parte disciplinar. Cometeu apenas 22 faltas e levou um cartão amarelo. Pierre fez 53 infrações, com cartões amarelos e um vermelho.




Na estreia de Muricy, na vitória por 1 x 0 sobre o Fluminense, em 29 de julho, Souza não foi bem e acabou sacado. Depois, se recuperou e ouviu elogios do técnico linha-dura. “A movimentação dele é bastante dinâmica. Além de marcar muito, ele sai pro jogo. E apesar de ser jovem tem uma estrutura aeróbica muito forte”, comentou o treinador.

O salário do volante ainda é um dos menores do elenco. Está longe dos R$ 140 mil de Mozart, que foi para o banco com a titularidade de Souza. Parte, ele manda para a família no interior de Goiás. Mas é o suficiente para trazer a namorada para morar com ele em São Paulo. Com contrato até dezembro de 2012, o novato tem tudo para se firmar na equipe. É bom ficar de olho no garoto de cabelos de fogo.




Conhecido como Ferrugem no futebol candango, o volante Souza trocou de apelido no Palmeiras. Tanto para valorizar o “produto” por parte do Dom Pedro, sob a desculpa de que o nome dava uma ideia negativa, quanto pelo interesse do alviverde paulista de afastar o fantasma de um xará também volante que fracassou no final dos anos 90 depois de ser considerado uma das maiores revelações das categorias de base.



Fonte: Correio Braziliense

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