segunda-feira, 3 de agosto de 2009

É nordestina!

No inicio, todas as casas seguiam o mesmo padrão. “A minha é original. Não tem nenhuma melhoria. A única coisa diferente é o portão. O resto é tudo original”, fala a a dona de casa Maria do Rosário Falcão.

O carnê da antiga Shis, o primeiro programa habitacional do DF, foi o passaporte para a casa própria na cidade criada para abrigar quem morava em invasões no Plano Piloto. Em 31 anos de Ceilândia, Adelaide viu nascer quatro filhos, 18 netos e três bisnetos. A casa também cresceu e a vida melhorou.

“Quem chegou aqui naquela época só encontrou poeira, lama. A gente não tinha muita perspectiva, porque era uma cidade que acolheu uma invasão. No entanto, virou essa grande cidade, essa potência que é hoje”, diz a dona de casa Adelaide Sá.

A imagem de Ceilândia mudou. O comercio é forte. Foi-se o tempo em que era preciso ir a Taguatinga fazer compras. Há também 1,2 pequenas indústrias.

Quer ver gente no fim de semana? Basta visitar uma das sete feiras permanentes da cidade. A do centro é a mais antiga. Fica ao lado da caixa d’água, quando em 1971 foi lançada a pedra fundamental de Ceilândia. E onde, até hoje, se reúnem os primeiros nordestinos.

Há 20 anos, Ednara vende comidas típicas na mesma feira. “Tem buchada, cabrito, galinha caipira, carneiro assado e até cabeça de bode eles gostam”, conta a feirante Ednara dos Santos.

Cadastrados pela administração existem 3,2 mil feirantes. Mas o número de informais é bem maior. Ao lado da 24ª delegacia, no Setor O, tem mais gente fora do que dentro da feira. A falta de controle do governo tem nome: “’Feira do Rolo’. O motivo eu não sei. Acho que é porque tem muito rolo mesmo”, arrisca um morador.

“Aqui compra quem quer. Ninguém é obrigado. Tem muita coisa irregular, mas também muita coisa com documento”, diz um vendedor.

A feira tem outros apelidos: “Shopping do Amor”. “Antigamente, tinha muita prostituição”, explica outro morador.

Gente que se vira como pode. O tamanho da população é um dos grandes trunfos de Ceilândia: 600 mil pessoas. O maior colégio eleitoral do DF. Com a força desses números, Ceilândia se tornou a sede do carnaval brasiliense e também ganhou metrô. Mas falta shopping, cinema.

Por outro lado, sobram talentos. Percília conseguiu editar sete livros. Fundou o primeiro grupo de teatro da cidade e é presidente da Academia de Letras de Ceilândia, com 35 escritores. “Tem todo tipo de arte e todos estão convidados a participar”, destaca a escritora Percília Toledo.

“Ceilândia é uma mãezona que abriu os abraços e acolheu o povo com todo carinho. Para cada um ela deu um jeitinho de vida, né?”, afirma Adelaide Sá.



Fonte: Rede Globo

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