domingo, 4 de janeiro de 2009

Um salve-se quem puder do barulho

Boa parte das lojas da Avenida Comercial do Recanto das Emas tem caixas de som instaladas ou contrata veículos aparelhados para fazer propaganda. Os anúncios dos locutores são entremeados por música sertaneja, brega, dance ou marchinhas. E, para completar, há, ainda, o tráfego intenso – motoboys acelerando, ônibus com pastilhas de freio gastas, carros com problemas de escapamento. Tanto barulho faz o decibelímetro (aparelho que serve para medir o nível de ruído) oscilar entre 70 e 74 decibéis (dB), bem acima dos 50dB permitidos para esse tipo de área.

Nos dois últimos anos, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) fez 139 autuações por poluição sonora. O Plano Piloto é o campeão do barulho, com bares e boates desrespeitando os níveis de ruído permitidos pela Lei Distrital nº 4.092/08. Em seguida aparecem Taguatinga, Ceilândia, Gama e Recanto das Emas. Nesses pontos, a poluição vem das caixas de som em frente às lojas ou adaptadas em carros de passeio. “Um quarto das denúncias que recebemos é por poluição sonora. No fim do ano, quando o comércio está ansioso pelas vendas, as reclamações aumentam”, comenta Eduardo Freire, superintendente de Licenciamento, Planejamento de Operações e Fiscalização do Ibram.


O barulho é considerado uma espécie de poluição porque provoca diversos prejuízos à saúde. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no patamar entre 56dB a 75dB, os ruídos causam incômodo. Na faixa seguinte, entre 76dB e 85dB, eles podem afetar a saúde. Já acima dos 85dB e, quando a exposição é prolongada, os danos são certos. “A exposição contínua gera problemas psicológicos e desequilibra o sistema imunológico das pessoas”, explica Felipe Azevedo, chefe do Laboratório de Monitoramento e Controle Ambiental do Centro de Formação de Recursos Humanos em Transportes (Ceftru), da Universidade de Brasília (UnB).


1/4 dos 552 autos de infração aplicados pelo Ibram nos dois últimos anos foram por poluição sonora. As localidades onde os fiscais viram maior número de situações em que o barulho ultrapassava o nível permitido foram Plano Piloto, Taguatinga, Ceilândia, Gama e Recanto das Emas.



Fonte: Correio Braziliense de 04/01/09

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