terça-feira, 13 de janeiro de 2009

População não conhece o seu administrador

“Sinceramente, eu não sei quem é o administrador de Ceilândia”, diz uma senhora. ”Eu não sei não”, confessa um rapaz. “Não conheço, por incrível que pareça”, afirma uma moça. “Esqueci o nome dele”, fala outro rapaz.

Nas ruas da maior cidade do Distrito Federal, Ceilândia, ninguém soube dizer o nome do administrador. Talvez pelo troca-troca constante. A cadeira nem bem esquentou, e o governo faz substituições pra lá e pra cá.

Desde janeiro de 2007, 13 cidades já tiveram o administrador trocado uma vez. Outras seis tiveram três administradores diferentes. Ceilândia foi uma delas. Adão Noé Marcelino ficou sete meses no cargo. Foi substituído por Adauri Gomes, que ficou pouco mais de um ano. Há cinco meses, Leonardo Moraes assumiu a cadeira.

“Não dá pra você escalar um time no primeiro dia e conservar o mesmo time até o último minuto de jogo. Isso é muito difícil tanto no futebol quanto no governo. Muitas vezes você precisa de um gerente com um novo perfil”, alega o governador do DF José Roberto Arruda.

Está na Constituição: os administradores são indicados pelo governador, mas isso pode mudar. Uma emenda constitucional, que tramita no Congresso Nacional há sete meses, propõe que a população escolha os administradores pelo voto direto. Eles teriam mandato de quatro anos e poderiam ser reeleitos.

“A vantagem principal é obvia: dá direito ao cidadão de escolher seu representante diretamente, e isso é sempre positivo no regime democrático. Uma limitação dessa proposta é que ela não prevê algum mecanismo de autonomia de decisão orçamentária desses administradores”, diz o cientista político Lúcio Renno.

“Se ele for escolhido pelo governador, não tem responsabilidade com o povo, tem com o governo né?”, comenta o advogado José Maciel.



Fonte: Rede Globo

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