sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Tiro acidental foi fatal

Mais uma vítima de disparo acidental de arma de fogo manuseada por crianças. Paulo Hernandes Martins Oliveira Júnior, 14 anos, foi atingido no ouvido por um tiro de uma espingarda calibre 38, que segundo o delegado de plantão da 19ª Delegacia de Polícia, Bruno Gordilho, teria sido disparado acidentalmente pelo primo da vítima, um menor de 13 anos.

A tragédia aconteceu ontem por volta de 13h no Condomínio Sol Nascente, em Ceilândia. Os proprietários da casa, Hélio Martins Oliveira e Tamires Rodrigues Silva, de acordo com informações dos vizinhos, viajaram para confraternizar o Natal com a família de Hélio, em Tocantins, e trouxeram os dois sobrinhos para passarem férias em Brasília.

Segundo Gordilho, o menor negou ter efetuado o disparo e contou que estava no banheiro quando ouviu o barulho. Ao sair do cômodo, ele teria encontrado o primo caído no chão com a espingarda ao lado. "O menor quis dizer que a própria vítima teria manuseado a arma e se ferido sozinho, contudo o perito informou que o disparo foi efetuado a mais de um metro de distância do alvo, com isso a versão torna-se impraticável", explicou o delegado.

Já a vizinhança comentou que a explicação dada pela família da vítima foi que o menor havia escorregado e batido a cabeça no para-choque de um Fusca, que estava estacionado na garagem da casa, enquanto ele lavava o veículo.

Os dois menores estavam sozinhos na casa. Tamires tinha ido ao supermercado, e contou em depoimento na 19ª DP que o sobrinho chegou chorando e gritando que Paulo havia sido baleado. A mulher correu até sua casa, quando viu a gravidade do ferimento chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que foi ao local. Entretanto, Paulo já estava sem vida. A perícia foi feita no local e o laudo deve ficar pronto dentro de 30 dias.

Quando a polícia chegou na casa, parentes já tinham recolhido a arma e retirado o menor, suspeito de efetuar o disparo. Por volta de 19h30, o menino foi apresentado na 19ª DP acompanhado da tia Tamires e de um advogado. Eles também entregaram a arma, uma espingarda sem munição, à polícia. A mulher informou em depoimento que a arma pertence ao marido e que ficava guardada em cima de um guarda-roupa. O menor foi encaminhado para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA II), que vai apurar os fatos relacionados à conduta da criança.

Segundo Gordilho, o proprietário da arma, Hélio será indiciado por omissão de cautela e possivelmente por porte ilegal de arma de fogo. "Ele ainda não foi ouvido, não se apresentou, vamos intimá-lo", assinalou. As penas por omissão de cautela - prevista pelo estatuto do desarmamento - e porte ilegal de arma variam de um a três anos de prisão.

A família dos garotos foi avisada da tragédia e já estava a caminho do DF.



Fonte: Tribuna do Brasil, Correio Braziliense, ClicaBrasília, Rede Globo e Rede Record de 09/01/09

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