Sentado na cadeira de rodas e alguns quilos mais magro, o estudante Jonathan de Souza Silva, 19 anos, lembra os dias que passou internado no hospital. Depois de dois meses em coma, o campeão brasiliense de jardinagem e paisagismo se recupera em casa, em Ceilândia, das sequelas de um acidente grave. Ele foi atropelado em novembro do ano passado, enquanto atravessava uma faixa de pedestres em Taguatinga. O jovem acordou há 10 dias e surpreendeu a família e até mesmo os médicos.
“Eu lembro que dei com a mão na faixa e dois carros pararam, mas um passou reto. Eu tirei o corpo, mas não adiantou. Depois desmaiei”, comentou Jonathan. Ele havia acabado de sair da auto-escola, onde se preparava para tirar carteira de motorista. O jovem foi levado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e, em seguida, encaminhado ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) com perfuração nos pulmões e traumatismo craniano. Sem vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HBDF, a família do rapaz apelou para o Ministério Público do DF e conseguiu atendimento no Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul.
Jonathan ainda não se lembra de todos os fatos dos últimos dois anos, mas sabe que ganhou medalha de ouro nas Olimpíadas do Conhecimento na categoria jardinagem e paisagismo, em agosto de 2008. Ele é aluno do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e passava o dia todo treinando a montagem de jardins no local. Depois de conquistar o ouro, Jonathan começava a receber as primeiras propostas de emprego, mas não teve tempo de aceitar nenhuma. Na época do acidente, ele estava se preparando para disputar o título mundial no Canadá. “Estou com muita saudade de fazer os jardins. Quero voltar a treinar logo, meu parceiro está sozinho me esperando”, disse. O rapaz se refere a Jefferson Santos, 19 anos, com quem faz dupla nas competições e também campeão brasileiro.
Pequenos sinais de vida renovavam as esperanças dos pais do garoto. No início, Jonathan abria os olhos e mexia os dedos das mãos. Ele se comunicou pela primeira vez com a família por meio de Libras (linguagem de surdos e mudos, baseada em sinais feitos com as mãos). O estudante de paisagismo aprendeu o sistema para ajudar crianças deficientes a entender as músicas e sermões da igreja. Em 31 de dezembro, ele fez os sinais de “ano-novo” para os pais. Depois disso, a comunicação entre eles passou a ser feita com as mãos. Ele não recuperou totalmente a dicção, mas já conversa com clareza.
A família, que mora em Ceilândia, ajuda o rapaz a tomar banho, se vestir e se alimentar. A mãe já cozinhou frango, uma das comidas preferidas do filho, e o levou para visitar os amigos no Senai. “Juntou uma roda de gente ao redor dele. O Jonathan para nós é um milagre”, comentou Dinalva. A mãe chegou a ouvir dos médicos que o garoto poderia ficar até um ano em coma e nunca mais andar ou falar. “Para mim, foi desesperador”, disse.
O pai de Jonathan, o aposentado Francisco José da Silva, 40, diz que não está sendo fácil esse período de reabilitação do filho. “Nós temos que nos dedicar a ele 24 horas por dia”, ressalta. O estudante tem um irmão mais novo, Joseph, de 18 anos.
O motorista acusado de atropelar Jonathan responde por lesão corporal culposa (sem intenção de matar). “Ele praticamente acabou com a minha vida, acabou com tudo que gosto. Não treino nem interpreto mais (Libras) por causa disso”, lamentou o jovem.
O próximo passo de Jonathan é conseguir uma vaga no Hospital Sarah Kubitschek, especializado no tratamento de lesões cerebrais. Não há tempo médio de espera para ser atendido na unidade de saúde — não há uma fila única, cada área de atuação tem vagas próprias.
Jonathan quer começar o quanto antes a reabilitação para voltar a treinar com a equipe de jardinagem e fazer as interpretações em Libras, suas atividades preferidas. “Estou confiante. Se Deus quiser vou conseguir a vaga e voltar a andar”, concluiu. A meta de Jonathan é comemorar o aniversário de 20 anos, em 28 de março, caminhando.
Fonte: Correio Braziliense de 29/01/09
“Eu lembro que dei com a mão na faixa e dois carros pararam, mas um passou reto. Eu tirei o corpo, mas não adiantou. Depois desmaiei”, comentou Jonathan. Ele havia acabado de sair da auto-escola, onde se preparava para tirar carteira de motorista. O jovem foi levado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e, em seguida, encaminhado ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) com perfuração nos pulmões e traumatismo craniano. Sem vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HBDF, a família do rapaz apelou para o Ministério Público do DF e conseguiu atendimento no Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul.
Jonathan ainda não se lembra de todos os fatos dos últimos dois anos, mas sabe que ganhou medalha de ouro nas Olimpíadas do Conhecimento na categoria jardinagem e paisagismo, em agosto de 2008. Ele é aluno do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e passava o dia todo treinando a montagem de jardins no local. Depois de conquistar o ouro, Jonathan começava a receber as primeiras propostas de emprego, mas não teve tempo de aceitar nenhuma. Na época do acidente, ele estava se preparando para disputar o título mundial no Canadá. “Estou com muita saudade de fazer os jardins. Quero voltar a treinar logo, meu parceiro está sozinho me esperando”, disse. O rapaz se refere a Jefferson Santos, 19 anos, com quem faz dupla nas competições e também campeão brasileiro.
Pequenos sinais de vida renovavam as esperanças dos pais do garoto. No início, Jonathan abria os olhos e mexia os dedos das mãos. Ele se comunicou pela primeira vez com a família por meio de Libras (linguagem de surdos e mudos, baseada em sinais feitos com as mãos). O estudante de paisagismo aprendeu o sistema para ajudar crianças deficientes a entender as músicas e sermões da igreja. Em 31 de dezembro, ele fez os sinais de “ano-novo” para os pais. Depois disso, a comunicação entre eles passou a ser feita com as mãos. Ele não recuperou totalmente a dicção, mas já conversa com clareza.
A família, que mora em Ceilândia, ajuda o rapaz a tomar banho, se vestir e se alimentar. A mãe já cozinhou frango, uma das comidas preferidas do filho, e o levou para visitar os amigos no Senai. “Juntou uma roda de gente ao redor dele. O Jonathan para nós é um milagre”, comentou Dinalva. A mãe chegou a ouvir dos médicos que o garoto poderia ficar até um ano em coma e nunca mais andar ou falar. “Para mim, foi desesperador”, disse.
O pai de Jonathan, o aposentado Francisco José da Silva, 40, diz que não está sendo fácil esse período de reabilitação do filho. “Nós temos que nos dedicar a ele 24 horas por dia”, ressalta. O estudante tem um irmão mais novo, Joseph, de 18 anos.
O motorista acusado de atropelar Jonathan responde por lesão corporal culposa (sem intenção de matar). “Ele praticamente acabou com a minha vida, acabou com tudo que gosto. Não treino nem interpreto mais (Libras) por causa disso”, lamentou o jovem.
O próximo passo de Jonathan é conseguir uma vaga no Hospital Sarah Kubitschek, especializado no tratamento de lesões cerebrais. Não há tempo médio de espera para ser atendido na unidade de saúde — não há uma fila única, cada área de atuação tem vagas próprias.
Jonathan quer começar o quanto antes a reabilitação para voltar a treinar com a equipe de jardinagem e fazer as interpretações em Libras, suas atividades preferidas. “Estou confiante. Se Deus quiser vou conseguir a vaga e voltar a andar”, concluiu. A meta de Jonathan é comemorar o aniversário de 20 anos, em 28 de março, caminhando.
Fonte: Correio Braziliense de 29/01/09
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