sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Festa do Cantador começa HOJE!


Hoje (30/01/09) e sábado (31/01/09) a Casa do Cantador, em Ceilândia, servirá de palco para mais de 80 artistas, vindos de todo Brasil, para o Festival Popular de Repentistas, Cordelistas, Emboladores e Sanfonistas. Na programação, estão nomes conhecidos como os repentistas Valdir Teles (SP), Zé Viola (PE), Caboquinho (BA) e os sanfoneiros do Trio Siridó (DF).

Segundo Rosa Alves, diretora da Casa do Cantador, “um evento como esse não é somente uma ponte entre os brasilienses e a cultura nordestina, mas sim a manutenção da memória cultural do Brasil”. A organização do festival reunirá 60 repentistas, 10 duplas de emboladores e 15 sanfoneiros vindos da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo. Além dos shows, o público poderá se deliciar com a exposição de exemplares da literatura de cordel e xilogravuras, assim como da saborosa culinária nordestina servida no local, “da hora do almoço até o último cliente” garante a diretora.

Dona Teresinha, do grupo Coco de Embolada, veio de Natal (RN) para a festa e não vê a hora de entrar em ação. “No último encontro que participei aqui em Brasília ganhei todas as disputas de rimas, inclusive dos mais jovens. Esse ano, se bobear, ganho novamente”, disse, a gargalhadas. Assim como ela, todos os artistas convidados parecem estar bem animados com o encontro, pois já estão na cidade desde quarta-feira afinando as violas e preparando o espírito, para que não falte o tal improviso na hora da rima.

A Casa do Cantador fica na QNN 32, área especial G, Guariroba. O evento acontece hoje e amanhã, sempre com início às 20h. É aberto ao público em geral, sem classificação etária, e tem entrada gratuita.



FIQUE POR DENTRO

* Literatura de Cordel

A literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome que vem lá de Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. No nordeste brasileiro herdamos o nome, mas a tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro pode ou não ser encontrado exposto em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras (técnica de gravura na qual se usa madeira como matriz), o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

* Repente

Conhecido também como desafio, o repente é uma tradição folclórica brasileira cuja origem remonta aos trovadores medievais. Especialmente forte no nordeste brasileiro, é uma mescla entre poesia e música na qual predomina o improviso, a criação de versos "de repente". O repente possui diversos modelos de métrica e rima, e seu canto costuma ser acompanhado de instrumento musical.

* Embolada

Embolada, coco, coco de embolada, coco de improviso, coco de repente ou ainda cantoria, é uma espécie de arte surgida no nordeste, onde é especialmente popular. Consiste em uma dupla de "cantadores" que, ao som enérgico e "batucante" do pandeiro, montam versos bastante métricos, rápidos e improvisados onde um tenta denegrir a imagem do que lhe faz dupla com versos ofensivos, famosos pelos palavrões e insultos utilizados. O ofendido deve improvisar uma resposta rápida e ao mesmo tempo bem bolada. Caso não consiga, seu par é coroado triunfante. Não deve ser confundido com onde a música e a resposta são lentas,melodiosas e o tema principal é a vida cotidiana.



Fonte: Tribuna do Brasil, Correio Braziliense, Ceilândia.com e Jornal de Brasília de 30/01/09

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