quarta-feira, 26 de março de 2008
Museu da Memória Viva
Muita gente conhece o Museu Vivo da Memória Candanga, localizado entre o Núcleo Bandeirante e a Candangolândia, mas poucos dos moradores de Ceilândia conhecem seu próprio museu de memória da cidade. Chama-se Museu da Memória Viva de Ceilândia, e fica próximo a Casa do Cantador, na QNN 38. "O nosso museu é bem especial, durante o ano ele é minha casa, e uma vez por mês vira o Museu da Memória Viva de Ceilândia", explica Manoel Jevan, fundador e coordenador do espaço. Jevan, que é também professor de história, cede sua casa em feriados, escolhendo datas que remetem a história local.
Tudo começou com um projeto pedagógico que Jevan iniciou ao se tornar professor de história, lecionando na cidade. "Foi em 1993, comecei a trabalhar com meus alunos, pedindo que eles entrevistassem seus avós sobre Ceilândia, e descobri grandes histórias. O Museu é formado por essas histórias, biografias e obras de pioneiros da cidade", declara o professor. Com um acervo de 107 biografias, o museu já acolhe a história dos principais personagens fundadores da cidade, inclusive de um dos principais líderes da organização de Ceilândia, o poeta Gonçalo Gonçalves, conhecido como Poeta Gongon, que era presidente da associação de moradores das invasões que originaram Ceilândia.
"Temos dados até mesmo sobre o nome da cidade. Vêm da sigla CEI, era o Campanha de Erradicação de Invasões, departamento dos tempos da ditadura. Juntando com o sufixo 'lândia', que é derivado do inglês (land), temos o nome da nossa cidade, hoje a maior em população do Distrito Federal", ensina o fundador do Museu. Outro dado curioso sobre o nascimento de Ceilândia é que a cidade por pouco não vira uma expansão de Taguatinga. "A partir da QNL, tudo seria uma extensão de Taguatinga, mesmo uma Taguatinga II, toda essa área entre QNM até na Guariroba. Esse território era conhecido como o 'Barril de Pólvora', pelo seu formato e sua má conotação na época, de lugar violento", afirma Jevan.
O respaldo principal do museu fica a cargo de Gonçalves. "Eu vi toda a formação da cidade, e não só observei como participei de grande parte dela. Desde a formação da invasão do IAPI, entre o Guará e o Bandeirante, até todo o processo de transferência para essa região, que era até propriedade das forças armadas, até toda a consolidação da cidade, tive o prazer de acompanhar tudo", comenta o Poeta GonGon, que hoje se dedica a projetos na Casa do Cantador e a literatura de cordel. Ele foi convidado, e participará da Sessão Solene que acontecerá na quinta-feira pela manhã, na Administração Regional de Ceilândia, para celebrar o aniversário da cidade.
Além dessa grande fonte de informações, o Museu também reuniu documentos como a certidão de nascimento da cidade, que será presenteada a Ceilândia nessa semana de comemorações do aniversário de 37 anos. "Sempre o museu oferece algum presente para os moradores. Esse ano distribuiremos esse cordel, que é a certidão de nascimento deste lugar. Entregaremos a todos que comparecerem a 3ª Corrida do Coração, na Av. Hélio Prates (Av. JK)", garante o professor. O Museu também está lançando o pequeno livro, além do site já existente (www.oclubedosom.com.br). É uma parceria entre Jevan e Emanuel Lima, "A Ceilândia Hoje", que conta a história da cidade através das administrações. "Nosso objetivo é manter a história dessa cidade do jeito que ela merece", conclui Jevan.
Fonte: Tribuna do Brasil
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