quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Opinião: Poderia ser um exemplo de parque

A edição desta terça-feira (10/02) do jornal Tribuna do Brasil traz matéria da repórter Vivianne Frota sobre um programa do Governo do Distrito Federal chamado “Abrace um parque”. O programa existe desde junho de 2008 e pretende realizar uma parceria entre o Governo do Distrito Federal, empresas públicas, instituições, organizações não-governamentais e pessoas físicas voluntárias para permitir a implantação gradativa e planejada dos parques do DF, garantindo a conservação e manutenção.

Ao ler sobre o assunto lembrei que alguns anos atrás precisei escrever uma matéria sobre o nosso esquecido Parque do Descoberto. Procurei o administrador regional de plantão na época. Com cara de desanimado, ele explicou que não havia interesse em divulgar o parque, já que ele não contava com infraestrutura e era muito perigoso.

Eu, que imaginava que nosso administrador tivesse pelo menos noção da importância daquele parque e, por isso, procurasse buscar junto a quem de direito soluções para melhorá-lo, fiquei desapontado. O mais triste é que aquela mentalidade conformista marcou a gestão de todos os administradores que vieram em seguida. O resultado é que o Parque do Descoberto continua até hoje deitado em berço esplêndido, esperando que o valorizem como merece.

Apesar dos efeitos negativos que o crescimento desordenado de Águas Lindas trouxe para o parque, ele é um presente para a cidade. Mesmo sem estrutura adequada, continua sendo frequentado por milhares de pessoas todo fim de semana.

Na verdade, não há nada ali que um bom projeto não possa resolver. Para evitar que as pessoas se exponham ao perigo representado pelas pedras e pela forte correnteza, seria necessário construir passarelas sobre as cachoeiras. Talvez seja necessário também fazer dragagem em parte do leito do rio, para retirada de pedras e galhos de árvores que possam representar ameaça aos frequentadores. O desestímulo ao acesso a certas áreas poderia ser feito não somente com um bom trabalho de conscientização e vigilância, mas também com a implantação de estruturas de lazer (toboáguas, por exemplo) nas partes rasas, onde a correnteza representa risco menor. O local também necessita de churrasqueiras e quadras esportivas. Uma linha de ônibus exclusiva também viria a calhar.

Um bom modelo para as intervenções a ser feitas no Parque do Descoberto é o Balneário Águas Correntes (foto), construído na área da cachoeira de Saia Velha. Ali foi implantado pela iniciativa privada um projeto com financiamento do Banco do Brasil. A cobrança de ingresso garante o retorno financeiro do empreendimento.

Aspectos legais talvez impeçam um modelo de gestão semelhante para o Parque do Descoberto, mas as melhorias feitas em Saia Velha poderiam perfeitamente ser copiadas.

A comunidade passaria a valorizar mais o parque, o que ajudaria na sua preservação.



Fonte: Ceilândia.com

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