sábado, 14 de fevereiro de 2009

Aeroporto na rota do tráfico

Investigações da Polícia Federal apontam que o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek transformou-se numa rota alternativa para traficantes que exportam cocaína do Brasil para outras partes do mundo, principalmente países europeus. Atualmente, existem seis voos internacionais que têm como destino o Aeroporto JK, cinco deles para a Argentina e um para Portugal.

Ocupando o terceiro lugar no ranking brasileiro de trânsito de pessoas, com 12 milhões de passageiros por ano, e acumulando aproximadamente 200 voos diários, o aeroporto tem sido alvo de investigações da Polícia Federal, que realizou seis prisões em flagrante nos últimos sete dias, três delas por tráfico internacional de drogas.

O aperto ao cerco contra os traficantes que utilizam voos domésticos e internacionais para transportar, principalmente, cocaína já resultou na apreensão de 15 quilos da droga apenas nos primeiros 45 dias do ano. Em todo o ano passado, a PF apreendeu 139 quilos de cocaína que chegaram ao Distrito Federal pelo ar. Desde o aumento do efetivo de agentes que trabalham no aeroporto, os agentes federais tiveram tempo para reforçar um trabalho de inteligência feito no aeroporto.

A PF identificou a rota do tráfico de drogas doméstico e internacional que passa pelo local. No caso dos voos internacionais, as "mulas" – pessoas contratadas pelos traficantes para fazer o transporte da droga – deixam estados das regiões Norte e Nordeste carregados de cocaína e acabam fazendo escalas ou conexões no aeroporto do DF. Caso consigam driblar a segurança, os transportadores de drogas seguem para estados da Região Sudeste e somente depois rumam para a Europa.

Quando se trata do tráfico de drogas doméstico, as mulas deixam estados como Rondônia Acre e Roraima com a cocaína – quase sempre comprada em países como Colômbia e Bolívia – e acabam pousando no aeroporto do DF para fazer conexão ou escala para estados no Sudoeste e no Sul do País.




Segundo o superintendente regional da Polícia Federal no DF, delegado Disney Rosseti, um quilo de cocaína pura chega a ser vendido na Europa por até US$ 80 mil. "Em razão desse valor astronômico, muita gente acaba se arriscando para cruzar o oceano carregado de drogas. Para se ter idéia do lucro, um quilo de cocaína pura é vendido no Brasil por R$ 10 mil", explicou. Rosseti afirma que 50% dos flagrantes de tráfico internacional de drogas no aeroporto envolvem passageiros da empresa aérea TAP, que faz voos diários para Lisboa (Portugal).

Contando com 75 policiais no aeroporto, a PF pretende inaugurar, até a metade do ano, a unidade da Delegacia Especial do Aeroporto de Brasília (Deain). Duas unidades semelhantes já funcionam nos aeroportos de Guarulhos (SP) e Galeão (RJ). "Nosso objetivo é reforçar a segurança, já que está previsto mais um voo internacional para o aeroporto, que deverá ser para Miami (EUA)", explicou o delegado Rosseti.

Desde julho do ano passado, quando a segurança no aeroporto foi reforçada, já foram realizadas 11 prisões em flagrante, quatro delas de mulas com nacionalidade estrangeira. "Prendemos uma sul-africana, uma outra mulher de Guiné Bissau, na África, e um casal de holandeses, todos tentando levar cocaína para fora do Brasil", conta Rosseti.



Fonte: Jornal de Brasília e Correio Braziliense de 14/02/09

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