Parece irônico, mas é verdade. Na década de 1970, Ceilândia foi criada para ser a solução de um problema: erradicar invasões que vinham surgindo. Nos últimos dez anos, a cidade virou o berço de novas invasões. Ocupações gigantescas e muito pobres.
“É difícil. Em todo lugar que você chega e mostra o comprovante de residência as pessoas perguntam se você mora numa invasão”, diz a dona de casa Sandra Ferreira.
De cima é possível ver a mancha habitacional que foi se espalhando sem controle. Nos Condomínios Privê, Pôr-do-Sol e Sol Nascente vivem hoje 82 mil pessoas.
“Na verdade, o que está acontecendo lá é o desgaste da borda da cidade, comprometendo o futuro dela. Como se fosse uma espécie de metástase de um câncer urbano que nós podemos evitar. Podemos combater como cidadãos, governantes e habitantes de Brasília”, alerta o especialista em urbanismo da Universidade de Brasília, Frederico Flósculo.
Nada foi evitado. O desastre ambiental é irreversível e ainda representa um risco. Os condomínios chegaram ao limite: bordas que acabam em grandes fendas. São todas nascentes que abastecem o Rio Descoberto. A imagem aérea dá idéia do tamanho do problema, mas esconde a realidade que só pode ser vista em terra firme e bem de perto.
Lama, sujeira e esgoto a céu aberto. Na região não existe posto de saúde nem escola. É uma vida totalmente improvisada. “É melhor morar aqui, sem pagar aluguel, do que nos bairros mais organizados, tendo que pagar aluguel”, afirma a autônoma Solange Saldanha. “Quem vem morar aqui não tem outra opção. Vem porque é mais barato, normalmente pra comprar lote. Aí, constrói e fica nessa situação”, acrescenta a manicure Cíntia de Souza.
Ao ver postes e transformadores nas ruas, até parece que a rede elétrica é a única coisa regularizada. Mas nem isso. Em 2005, uma empresa goiana cobrou cerca de R$ 500 de cada família, puxou um gato da via principal e fez a distribuição por todo o condomínio. Resultado: até hoje, ninguém paga conta de luz.
“A gente quer pagar, mas eles não legalizam”, comenta o comerciante Orlando Rocha Vieira.
O governo proíbe. Mesmo assim, ninguém respeita. Tem gente ampliando a casa, construindo um novo pavimento. As obras seguem à luz do dia. Também tem gente vendendo lote. Para morar no Sol Nascente é preciso desembolsar R$ 13 mil. Sem poder reverter a situação, o GDF corre para regularizar a área.
“O estudo ambiental já foi entregue pelo Distrito Federal ao Ibama. Então, essa parte já está sendo encaminhada. O projeto urbanístico foi contratado, está em fase de elaboração e até a metade deste ano o problema deve ser resolvido. A partir daí, vamos começar a entregar as escrituras para os moradores”, promete o gerente de Regularização de Condomínios, Paulo Serejo.
Solteira, a dona de casa Ednalva da Silva foi morar em Ceilândia pela escritura. Ocupa um casebre de papelão com sete crianças e mais uma está a caminho. “Não tenho condições de pagar aluguel, não tenho moradia certa. Por isso, vim pra cá tentar a sorte”, confessa.
Muita gente, como Ednalva, conta com a sorte. Só que às vezes o preço da sorte é caro demais. “As pessoas estão vindo para sofrer em Brasília. Estão vindo porque, apesar do sofrimento que enfrentarão, têm perspectiva e expectativa de um futuro melhor. Na verdade, são populações vulneráveis, vítimas fáceis da criminalidade que já existe. Nós já temos crime organizado em Brasília. Temos gangues, bandidos e traficantes. Temos um problema sério na periferia urbana e quanto mais gente chegar, mais gente sofrerá os problemas que Brasília acumula”, afirma Frederico Flósculo.
O gerente de Regularização de Condomínios, Paulo Serejo, disse ainda que até 2009 as invasões de Ceilândia serão legalizadas.
Assista também o vídeo no link da fonte.
Fonte: Rede Globo
“É difícil. Em todo lugar que você chega e mostra o comprovante de residência as pessoas perguntam se você mora numa invasão”, diz a dona de casa Sandra Ferreira.
De cima é possível ver a mancha habitacional que foi se espalhando sem controle. Nos Condomínios Privê, Pôr-do-Sol e Sol Nascente vivem hoje 82 mil pessoas.
“Na verdade, o que está acontecendo lá é o desgaste da borda da cidade, comprometendo o futuro dela. Como se fosse uma espécie de metástase de um câncer urbano que nós podemos evitar. Podemos combater como cidadãos, governantes e habitantes de Brasília”, alerta o especialista em urbanismo da Universidade de Brasília, Frederico Flósculo.
Nada foi evitado. O desastre ambiental é irreversível e ainda representa um risco. Os condomínios chegaram ao limite: bordas que acabam em grandes fendas. São todas nascentes que abastecem o Rio Descoberto. A imagem aérea dá idéia do tamanho do problema, mas esconde a realidade que só pode ser vista em terra firme e bem de perto.
Lama, sujeira e esgoto a céu aberto. Na região não existe posto de saúde nem escola. É uma vida totalmente improvisada. “É melhor morar aqui, sem pagar aluguel, do que nos bairros mais organizados, tendo que pagar aluguel”, afirma a autônoma Solange Saldanha. “Quem vem morar aqui não tem outra opção. Vem porque é mais barato, normalmente pra comprar lote. Aí, constrói e fica nessa situação”, acrescenta a manicure Cíntia de Souza.
Ao ver postes e transformadores nas ruas, até parece que a rede elétrica é a única coisa regularizada. Mas nem isso. Em 2005, uma empresa goiana cobrou cerca de R$ 500 de cada família, puxou um gato da via principal e fez a distribuição por todo o condomínio. Resultado: até hoje, ninguém paga conta de luz.
“A gente quer pagar, mas eles não legalizam”, comenta o comerciante Orlando Rocha Vieira.
O governo proíbe. Mesmo assim, ninguém respeita. Tem gente ampliando a casa, construindo um novo pavimento. As obras seguem à luz do dia. Também tem gente vendendo lote. Para morar no Sol Nascente é preciso desembolsar R$ 13 mil. Sem poder reverter a situação, o GDF corre para regularizar a área.
“O estudo ambiental já foi entregue pelo Distrito Federal ao Ibama. Então, essa parte já está sendo encaminhada. O projeto urbanístico foi contratado, está em fase de elaboração e até a metade deste ano o problema deve ser resolvido. A partir daí, vamos começar a entregar as escrituras para os moradores”, promete o gerente de Regularização de Condomínios, Paulo Serejo.
Solteira, a dona de casa Ednalva da Silva foi morar em Ceilândia pela escritura. Ocupa um casebre de papelão com sete crianças e mais uma está a caminho. “Não tenho condições de pagar aluguel, não tenho moradia certa. Por isso, vim pra cá tentar a sorte”, confessa.
Muita gente, como Ednalva, conta com a sorte. Só que às vezes o preço da sorte é caro demais. “As pessoas estão vindo para sofrer em Brasília. Estão vindo porque, apesar do sofrimento que enfrentarão, têm perspectiva e expectativa de um futuro melhor. Na verdade, são populações vulneráveis, vítimas fáceis da criminalidade que já existe. Nós já temos crime organizado em Brasília. Temos gangues, bandidos e traficantes. Temos um problema sério na periferia urbana e quanto mais gente chegar, mais gente sofrerá os problemas que Brasília acumula”, afirma Frederico Flósculo.
O gerente de Regularização de Condomínios, Paulo Serejo, disse ainda que até 2009 as invasões de Ceilândia serão legalizadas.
Assista também o vídeo no link da fonte.
Fonte: Rede Globo
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