quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Redução de escolas com ensino para jovens e adultos

Portões fechados, escola vazia. O começo do ano letivo foi diferente dos anteriores no Centro de Ensino Nº 07, em Ceilândia Sul.

A dona de casa Matilde da Silva mora em frente à escola e estranhou a falta de alunos. “Já era pra ter muita gente”, comenta.

Os estudantes do turno da noite foram todos transferidos. O mecânico João Neto não gostou nem um pouco. “Aqui ficou melhor porque você não vê bagunça e por conta das aulas sempre tinha polícia”, lembra.

O grupo do qual a operadora de telemarketing Ana Clécia de Souza faz parte estudava no Centro de Ensino 11, onde também não vai haver aula à noite. Os estudantes souberam da novidade no fim do mês passado e por telefone fixo. Como Ana Clécia só tem celular, não foi avisada. Resultado: perdeu um dia de trabalho para se matricular em outra escola.

“Cheguei lá às 8h30. Fiquei até às 16h30. A minha senha foi 1.015, para conseguir uma inscrição e vir estudar aqui. Só que a escola é longe e o local é muito perigoso”, reclama Ana.

Os alunos também dizem que a mudança representa um gasto a mais: são duas passagens de ônibus todos os dias. Uma escola de Ceilândia Sul, por exemplo, recebeu estudantes da Guariroba e até de Ceilândia Norte.

“Hoje eu tive que pedir emprestado para vir pra escola”, confessa um aluno. “Se eu não arrumar um colégio perto da minha casa, vou ter que desistir. Não tenho condições de vir pra cá”, lamenta outra estudante.




De acordo com o secretário de Educação, José Luiz Valente, o problema está na evasão. “A questão da educação de jovens e adultos apresenta, historicamente, um processo de evasão da ordem de 70%. De cada dez alunos que se inscrevem agora no início do ano, apenas três concluem o período ao final do ano. Isso é uma situação absolutamente insuportável, pelo Estado e pela sociedade. O que nós estamos tentando fazer é motivar os alunos - que não estão no ensino regular - a buscar os programas de aceleração feitos em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Por conta dessa grande evasão, em determinados casos nós somos obrigados a adequar a estrutura das escolas para que tenhamos o uso responsável do recurso público”, justifica o secretário.



Fonte: Rede Globo

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