sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Opinião: Farra dos becos ainda não acabou

A irresponsabilidade e o desrespeito são tamanhos que, mesmo após moradores entrarem na justiça e conseguirem 43 liminares contra a ocupação dos becos, o GDF não desistiu de insultar a inteligência da população.

A desculpa de que a presença de policias militares morando na vizinhança melhora a segurança das quadras é uma falácia. Sei de pelo menos um caso em que o policial tornou-se um transtorno para os vizinhos: dá festas com música em alto volume e faz ameaças a quem ousar reclamar. Moradores que tentaram registrar queixa contra ele encontraram na delegacia uma barreira instransponível de corporativismo a proteger a figura.

Por trás dessa aparente boa intenção de garantir moradia digna aos policiais e bombeiros estão os especuladores imobiliários. Daqui a um ano estes becos já terão sido vendidos a terceiros.

O mais inacreditável é que, no primeiro momento, as autoridades sequer se deram ao trabalho de averiguar quais becos podiam ser ocupados sem ocasionar problemas para as redes elétrica, hidráulica e de águas pluviais da cidade.

Só depois que se deram conta da própria falta de seriedade é que descobriram que os becos que não podem ser ocupados poderão ser transformados em “praças e esquinas culturais”. Como se não fosse justamente essa a destinação original prevista no projeto urbanístico da cidade.

O processo de doação dos becos está sendo conduzido pelo secretário de Habitação, Paulo Roriz. Aquele mesmo que proclamou algum tempo atrás em alto e bom som que “a farra com lotes públicos acabou”.

Só não dá para rir porque as próximas vítimas serão os moradores de Ceilândia, Planaltina e Taguatinga.



Fonte: Ceilândia.com

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