quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ajuda após a violência

As vítimas da violência no Distrito Federal contam agora com uma importante ajuda. É o Pró-Vítima, programa da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Sejus) do DF, lançado na manhã desta quarta-feira (15/4), que oferece equipes formadas por advogados, psicólogos e assistentes sociais para oferecer apoio a familiares de pessoas assassinadas ou mortas em acidentes de trânsito, por exemplo, e às vítimas de crimes como o estupro.

A cerimônio de lançamento foi realizada no Ginásio de Esportes do Paranoá. A cidade tem índices preocupantes de criminalidade e recebeu o primeiro dos oito núcleos do Pró-vítima que o governo pretende instalar até o fim do ano. Em 2008, houve 45 homicídios na cidade — 6,7% do total em todo o DF — e 15 estupros.

O programa surge com a proposta de ir até as vítimas da violência, e não esperar que elas procurem ajuda. Uma parceria com a Polícia Civil permitirá que os profissionais tenham acesso aos boletins de ocorrência. A população também poderá acionar o serviço por meio de um número ainda não divulgado ou pessoalmente nos núcleos. Até dezembro, o GDF estima que também estejam em funcionamento núcloes em Ceilândia, Varjão, Santa Maria, Sobradinho II, São Sebastião, Guará e Samambaia.

O governador do DF, José Roberto Arruda, empossou, na ocasião, cinco defensores públicos, que vão atuar no programa, e a subsecretária da recém-criada pasta de Defesa da Vítima da Violência, a jornalista Valéria Velasco. "Ela é um grande exemplo de alguém que consegue fazer da sua dor pessoal uma energia positiva para transformar a sociedade", disse Arruda. O filho de Valéria, Marco Antônio Velasco, foi assassinado em 1993 por jovens de uma gangue da Asa Norte.

"o Pró-vítima representa uma quebra de paradigma no desamparo às vitimas da violência. O objetivo maior, ao acompanhar essas pessoas, é criar políticas públicas para que outros não sofram a mesma dessas famílias", discursou a sub-secretária para uma platéia cheia de representantes de entidades de luta pela paz em São Paulo e do Rio de Janeiro.

Para secretário Alírio Neto, da Sejus, o programa tenta recuperar a confiança do cidadão com o estado, que durante muito tempo teve os olhos voltados apenas para o preso. "Existem várias iniciativas para defender os direitos dos criminosos, enquanto as vítimas ficam desamparadas. A ideia é dar uma atenção especial no momento em que essas pessoas mais sofrem”, afirmou o secretário, especialista em vitimologia, uma das áreas da criminologia. Ao todo, 50 estudantes de direito, psicologia e serviço social já passaram por treinamento e estão prontos a participar do Pró-Vítima.




O primeiro caso que será acompanhado de perto pela equipe do programa será o de Ana Paula de Moura. Ela foi morta, aos 33 anos, pelo ex-marido Marcelo Rodrigues Moreira, também 33, em dezembro do ano passado. O crime ocorreu no restaurante onde Ana Paula trabalhava, na 404 Norte. Marcelo a surpreendeu com uma facada nas costas. Acabou preso em flagrante por homicídio duplamente qualificado.

Um advogado do Pró-Vítima ficará à disposição da família de Ana Paula enquanto o processo correr na Justiça. Os três filhos — duas meninas e um menino — da vítima receberão acompanhamento psicológico. “A morte dela mexeu com várias vidas. Ao saber do programa, me senti mais acolhida. Quando acontece esse tipo de coisa, ficamos praticamente abandonados”, comentou a irmã de Ana Paula, a servidora pública Maria de Fátima de Moura, 46, que conseguiu a guarda dos sobrinhos.

Toda a família de Ana Paula compareceu ao lançamento do programa. Também estiveram presentes o diretor-geral da Polícia Civil do DF, Cléber Monteiro; o chefe do Estado Maior da PMDF, coronel José Carlos Pina Figueiredo; a primeira-dama do DF, Flávia Arruda; o deputado federal Raul Jungmann; e Massataka Ota, fundador do Movimento Paz e Justiça após ter o filho de oito anos seqüestrado e assassinado por policiais militares, em 1997.



Fonte: Correio Braziliense

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