terça-feira, 8 de setembro de 2009

O esporte continua esperando...

No começo da década de 1990, Marílson Gomes dos Santos começava a demonstrar que seria um dos grandes nomes do atletismo do país. Contudo, em busca de melhores condições de treino, o maratonista nascido em Ceilândia deixou sua cidade natal para mudar-se para Santo André, onde conseguiu construir uma carreira e tornar-se um atleta consagrado internacionalmente. A ausência de um lugar adequado em Ceilândia para abrigar os atletas foi realidade até cerca de seis meses atrás, quando uma pista foi construída no Centro de Ensino Médio 02.

Mas para a decepção dos que esperaram décadas para enfim realizar um sonho, o local não vai além da pista. Quem treina na escola de Ceilândia não pode contar sequer com uma infraestrutura mínima. “Falta bebedouro, vestiário, banheiro, iluminação e cobertura”, enumera Débora Crisóstomo, 13 anos. “Segurança também não tem. Direto uns drogados entram aqui”, emendou a estudante. Clodoaldo Gomes da Silva é um dos atletas que sonharam em ver o lugar pronto. O maratonista, que desenvolve um projeto social no local, diz que, mesmo com os problemas, cerca de cem pessoas correm na pista por dia.

“Estamos felizes com a pista, mas não com o redor. Aqui não tem só atletas, mas pessoas que querem fazer atividade física. Quando escurece, temos que ir embora, pois não tem condição de ficar na escuridão. Só a pista não é o suficiente”, reclama o atual campeão sul-americano da meia maratona. No grande terreno que cerca a pista de cascalho de 400m, restos de lixo, pedregulhos espalhados, traves de futebol e tabelas de basquete desgastadas pelo tempo, além de muito mato e uma estrutura que deveria ser a cobertura de uma quadra, mas que são apenas ferros enferrujados, mostram o perigo iminente do local. “Às vezes cai um ferro ou outro”, conta Clodoaldo sobre a condição da quadra abandonada.


O secretário de esportes do DF, Aguinaldo de Jesus, disse que a obra é de responsabilidade da Secretaria de Obras. Jaime Alarcão, secretário adjunto de obras, ao mesmo tempo em que assume a responsabilidade tenta amenizar o que os fatos demonstram. “A demanda era para a construção de uma pista. Quando ela ficou pronta vieram dizer que tinha que fazer a infraestrutura”, explicou-se. Colocado desta forma, sanitários, bebedouros, iluminação e segurança parecem ser pedidos esdrúxulos, quando não passam de condições mínimas para a prática desportiva.

“Está sendo feito um aditivo para fazer a outra parte da obra. Vai ser feita uma estimativa de custo para ver se estas solicitações cabem no contrato. Estamos na fase de projeto. Não existe prazo”, concluiu Alarcão. Enquanto isso, a população de Ceilândia continua esperando. “Isso é um desperdício. O esporte educa, dá responsabilidade e deixa a pessoa mais saudáveis. Investir no esporte é economizar em educação, saúde e segurança”, reforça Clodoaldo.



Fonte: Correio Braziliense

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